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O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras  durante discurso à nação | POOL/REUTERS
O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras durante discurso à nação| Foto: POOL/REUTERS

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou neste domingo que os bancos permanecerão fechados na segunda-feira e não está claro quando voltarão a funcionar. Após uma reunião do gabinete, ele afirmou que os depósitos bancários estão completamente seguros e pediu calma à população. A Bolsa de Atenas também não vai operar amanhã, um dia antes do fim do atual programa de resgate do país e quando vence uma dívida de € 1,6 bilhão com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Gregos correm para postos de gasolina com medo de escassez e limitação de saques

Estadão Conteúdo

Assustados com rumores de escassez de combustível, os motoristas estão se amontoando em postos de gasolina de toda a Grécia, o que levou a maior refinaria do país a emitir um declaração tranquilizadora de que há reservas suficientes.

A Refiner Hellenic Petroleum escreveu: “Mantemos reservas de combustível para várias meses. O fornecimento de nossas refinarias com petróleo bruto é também assegurada.”

Mas a corrida para os postos de gasolina se deu menos por preocupações com escassez do que devido a rumores de que apenas saques de até 60 euros (US$ 66) por dia de caixas eletrônicos serão permitidos e que o uso de cartões de crédito ou de débito será proibido.

EUA pedem a Europa e FMI que cheguem a acordo para manter Grécia na zona euro

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O controle de capitais também foi imposto, mas o premier não deu detalhes sobre as restrições que serão impostas. Tsipras disse que “poupança, salários e aposentadorias estão garantidos”. Também não detalhou quanto tempo as instituições financeiras ficarão fechadas.

Os bancos gregos devem permanecer fechados pelos menos até o próximo dia 5, quando será realizado o referendo convocado pelo primeiro-ministro sobre a aceitação das medidas de austeridade propostas pelos credores internacionais em troca de uma ajuda de € 15,5 bilhões.

O premier grego afirmou que, mais uma vez, pediu que o atual pacote de resgate dos credores internacionais, que vence na terça-feira, seja estendido por mais alguns dias. Ele culpou os parceiros europeus e o Banco Central Europeu (BCE) pela atual situação e disse que o referendo marcado para o dia 5 está mantido.

“(A rejeição) ao pedido do governo grego para uma curta extensão do programa (de resgate) foi um ato sem precedentes para os padrões europeus, questionando o direito soberano do povo de decidir”, afirmou Tsipras em pronunciamento à nação na TV. Esta decisão levou o BCE hoje (domingo) a limitar la liquidez disponível para os bancos gregos e forçou o banco central grego a recomendar um feriado bancário e restrições sobre os saques dos bancos.

No Twitter, o premier escreveu que nesse momento crítico, o povo deve lembrar que a única coisa a temer é o medo propriamente dito. Afirmou, ainda, que “a dignidade do povo grego frente à chantagem e à injustiça vai enviar uma mensagem de esperança e orgulho a toda a Europa”. Além disso, pediu paciência e compostura nos próximos dias.

Pouco antes, o diretor-presidente do Piraeus Bank, Anthimos Thomopoulos, antecipara a decisão aos jornalistas ao fim de um encontro do conselho de estabilidade financeira do governo grego neste domingo. Já o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, não quis comentar e afirmou apenas que um comunicado seria feito após a reunião do gabinete governamental, que começou em seguida. Horas antes, ele afirmara à BBC que o governo avaliaria o fechamento dos bancos e a imposição de controle de capitais.

Mais de um terço dos caixas eletrônicos da Grécia ficaram desabastecidos no sábado devido à correria dos gregos para sacar dinheiro, temendo que o país saia da zona do euro, segundo fontes do setor bancário. À Reuters, uma fonte afirmou que cerca de € 600 milhões teriam sido sacados apenas no sábado.

BC Europeu Mantém programa de Liquidez

Mais cedo, o BCE anunciou neste domingo que vai manter os empréstimos de emergência aos bancos gregos em seu nível atual. No entanto, alertou que está “disposto a reconsiderar sua decisão” a qualquer momento. Segundo informações divulgadas na Grécia, o teto desses empréstimos de emergência, que socorrem os bancos gregos e toda a economia do país, se aproximou aos € 90 bilhões nas últimas semanas.

“Considerando as circunstâncias, o Conselho do BCE decidiu manter o nível de fornecimento de liquidez urgente dos bancos gregos decidido na sexta-feira”, afirmou a instituição em comunicado.

O conselho, cujos 25 membros se reuniram em caráter de urgência durante a manhã deste domingo, após o fracasso das negociações entre a Grécia e seus credores, no sábado, “examina com atenção à situação e suas potenciais implicações para sua política monetária”, diz o comunicado.

“(O BCE) está determinado a utilizar todos os instrumentos à sua disposição permitidos por seu mandato”, acrescenta o texto.

A instituição monetária não parece disposta a desviar-se de suas regras, ou seja, a financiar a economia grega além da expiração do plano de ajuda em curso, que terminará na terça-feira.

Antes do pronunciamento de Tsipras sobre o fechamento dos bancos, o presidente do Banco Central da Grécia, Yanis Stournaras, prometeu fazer o que for possível para “garantir a estabilidade financeira” de seu país e evitar a quebra da economia grega, segundo anunciou o BCE.

“O Banco da Grécia, como membro do Eurosistema, vai tomar todas as medidas necessárias para assegurar a estabilidade financeira dos cidadãos gregos nessas circunstâncias difíceis”, afirmou Stournaras, citado no comunicado do BCE difundido após a reunião de governadores da instituição.

Os ministros de Finanças da zona do euro decidiram no sábado não estender o atual programa de resgate da Grécia que expirará, como previsto, na próxima terça-feira, dia 30, quando também vence o pagamento da parcela de € 1,6 bilhão ao FMI.

Comissão Europeia divulga termos de acordo rejeitado

A Comissão Europeia, em uma ação incomum que destaca a frustração com o governo grego, publicou neste domingo o que disse ter sido a última proposta que os credores fizeram a Atenas antes de as negociações sobre financiamento terem entrado em colapso. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, convocou um referendo para o próximo domingo, pedindo que o povo rejeite a oferta sobre a mesa em Bruxelas.

“No interesse da transparência e para a informação do povo grego, a Comissão Europeia está publicando as mais recentes propostas”, disse o Executivo da UE em comunicado, acrescentando elas haviam sido definidas por ele próprio, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional, levando em consideração propostas gregas feitas durante as últimas três semanas.

Destacando que os negociadores trabalharam até tarde da noite de sexta-feira, a Comissão Europeia disse: “O entendimento de todas as partes envolvidas foi de que essa reunião do Eurogrupo deveria alcançar um acordo abrangente para a Grécia, um que incluísse não apenas as medidas a serem definidas conjuntamente, mas que também teria lidado com necessidades futuras de financiamento e a sustentabilidade da dívida grega”.

O Eurogrupo não conseguiu, entretanto, aprovar o acordo “devido à decisão unilateral das autoridades gregas de abandonar o processo”, disse a comissão em comunicado acompanhado por uma lista de 10 páginas de leis que formalizem promessas de reformas com as quais Atenas teria que concordar em relação a impostos e gastos para receber recursos.

Em meio aos rumores de fechamento dos bancos gregos, mais tarde confirmados, o FMI disse que vigiará atentamente a evolução da situação na Grécia e “nos países vizinhos” e continua “disposto a dar sua assistência” em caso de necessidade, afirmou neste domingo sua diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde.

“Os próximos dias serão importantes (...). O FMI continuará vigiando a situação na Grécia e nos países vizinhos e continua disposto a dar sua assistência em caso de necessidade”, disse Lagarde, afirmando, ainda, que está “decepcionada” com o fracasso das conversações entre Atenas e seus credores.

Em Washington, a Casa Branca divulgou um comunicado afirmando que o presidente americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, haviam conversado ao telefone neste domingo: “Os dois líderes concordam que é de suma importância fazer todos os esforços para se retornar a um patamat que permita que a Grécia retome as reformas e o crescimento dentro da zona do euro”.

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