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Diego Garcez, diretor da unidade do C.E.S.A.R em Curitiba: demanda de empresas do Sul atraiu filial do instituto | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Diego Garcez, diretor da unidade do C.E.S.A.R em Curitiba: demanda de empresas do Sul atraiu filial do instituto| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

600 pessoas

trabalham no C.E.S.A.R. Entre 2002 e 2011, o faturamento – redirecionado a investimentos na própria instituição – praticamente triplicou, chegando a quase R$ 60 milhões. Cerca de 70% da receita vem da lei da informática, que obriga empresas do setor que recebem isenção fiscal a investir em pesquisa e desenvolvimento.

C.E.S.A.R ajudou a criar polo tecnológico em Pernambuco

O surgimento do C.E.S.A.R no Recife serviu de âncora para o Porto Digital, parque tecnológico que hoje hospeda mais de 150 empresas e emprega cerca de 6 mil pessoas. No ano passado, o faturamento do polo foi de R$ 1 bilhão, de acordo com o CEO do C.E.S.A.R, Sergio Cavalcante.

Localizado no centro histórico do Recife, o parque foi eleito em 2008 como um dos principais polos de tecnologia do mundo pela International Association of Science Parks. Hoje é uma referência na produção de games e softwares, e seus profissionais são recorrentemente cobiçados por empresas dos EUA e da Europa.

Em 2009, a revista Bussinessweek afirmou que o Porto Digital é um dos dez parques tecnológicos que farão a diferença no mundo. "O desenvolvimento do Porto teria sido completamente diferente sem o C.E.S.A.R", diz Silvio Meira, um dos criadores do instituto.

Curitiba

A chegada a Curitiba ocorreu devido a uma demanda do mercado da Região Sul. A presença de empresas como Positivo Informática e Bematech, em Curitiba, Whirppol, de Joinville, e HP, em Porto Alegre, fez o instituto instalar uma base na capital paranaense.

Hoje 20 pessoas trabalham na unidade, que é uma espécie de C.E.S.A.R do Recife em miniatura. "A ideia não é ter uma grande operação aqui, mas temos profissionais especialistas em todas as áreas, como lá, para tocarmos qualquer projeto", diz Diego Garcez, diretor da unidade do Sul.

  • Geladeira inteligente -O projeto da geladeira inteligente da Brastemp teve início no começo de 2011, quando apareceram as primeiras ideias da Whirpool para a fabricação de uma nova geladeira voltada para a classe A.
  • Irrigação remota -O projeto de irrigação automatizada está sendo desenvolvido por conta própria pelo C.E.S.A.R – não foi um pedido de uma empresa específica. Atualmente em fase de testes em duas fazendas no interior de Goiás, o projeto busca informar os agricultores sobre a condição da irrigação da área de plantação.
  • Ponto de venda -O instituto de inovação do Recife foi o responsável pela remodolagem nos pontos de vendas da Bematech. A empresa, com sede em Curitiba, buscava uma solução para reduzir o tempo do processo de venda e facilitar a interface do sistema usado no computador. Um dos grandes problemas de lojas e supermercados é a alta rotatividade de funcionários que operam essas máquinas – daí a importância de um sistema simples e fácil de aprender
  • App de tevê -Uma das grandes batalhas das fabricantes de tevês nos próximos anos deve ocorrer no front de aplicativos – todas estão correndo para agregar valor a seus equipamentos. O C.E.S.A.R foi contratado pela Samsung para desenvolver apps para suas tevês. A equipe do instituto conta com designers, estatísticos e engenheiros de software – todo o processo de produção de um aplicativo fica a cargo do C.E.S.A.R. O instituto já lançou vários games na loja de apps da Samsung. Um deles busca apresentar a América do Sul aos usuários.
  • Taximov -O sistema Taximov é uma maneira nova de requisitar um táxi, inclusive usando a geolocalização do celular, ou por meio de um site. O sistema faz uma varredura e indica o taxista mais próximo do usuário. Quando o cliente faz o pedido de táxi, o taxista é avisado da localização do usuário, que recebe uma mensagem SMS com a confirmação de que seu pedido foi realizado.

Equipada com um tela sensível ao toque, acesso à rede wi-fi e com funções como aviso de vencimento de produtos e envio de lista de compras para o celular, a nova geladeira inteligente da Brastemp nasceu em um escritório da Rua Padre Agostinho, no Bigorrilho, em Curitiba. Encomendada pela Whirpool, de Joinville, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, o eletrodoméstico foi desenvolvido pelo escritório local do C.E.S.A.R, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife.

Presente na capital paranaense desde 2009, o instituto de inovação nasceu na capital pernambucana em 1996. Em um país que raramente vê projetos na área de inovação, o C.E.S.A.R tornou-se um símbolo de que é possível investir em engenharia de software para inovar e ganhar produtividade no Brasil.

Hoje o instituto vive desse tipo de projeto: é contratado por empresas e indústrias para encontrar soluções inteligentes para problemas específicos. No rol de trabalhos em desenvolvimento há desde aplicativos em português para as tevês da Samsung a um projeto de irrigação controlado remotamente (veja mais nesta página).

De 2002 a 2011, o faturamento do instituto – que não tem fins lucrativos e redireciona todo o lucro a investimentos no próprio C.E.S.A.R – passou de R$ 20,5 milhões para quase R$ 60 milhões. Tinha 300 empregados, hoje conta com quase 600. Cerca de 70% da receita provém da lei da informática, que obriga empresas do setor que recebem isenção fiscal a investir em pesquisa e desenvolvimento.

Como surgiu?

Conhecer o contexto histórico em que foi criado é importante para entender como o C.E.S.A.R se tornou referência no Brasil. O instituto nasceu de professores egressos da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) insatisfeitos com a relação entre academia e mercado. Naquele momento, em 1996, o estado possuía uma vasta mão de obra qualificada na área de informática, mas faltavam vagas.

Duas décadas antes, Miguel Arraes, então prefeito do Recife, havia trazido para a cidade o primeiro computador IBM no Brasil. Como lidar com o computador exigia profissionais com conhecimento de programação, a IBM montou uma escola na cidade. O Recife passou a atrair alunos de toda a região Nordeste interessados na área. Outras empresas passaram a se instalar na região e a formar profissionais.

Os ventos mudaram no início dos anos 1990, quando a situação econômica de Pernambuco começou a se deteriorar. Dos quatro bancos presentes no estado em 1975, não sobrou um com a morte do Banorte, em 1996 – os bancos estavam entre os maiores empregadores de mão de obra do setor de informática. A centralização da economia em São Paulo fez as empresas migrarem. Em pouco tempo, os engenheiros estavam comemorando quando conseguiam um emprego como taxista.

"No auge da confusão, com o fim do Banorte, ficou óbvio que a relevância do trabalho da universidade iria diminuir", diz Silvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R e um dos fundadores da instituição. "Um grupo de professores começou a pensar em alternativas. Nós achávamos que era possível fazer algo diferente com software. Em tese, só em tese, o que você precisa para inovar, para obter resultados criativos, é de um galpão, eletricidade, ar-condicionado e laptops."

Problema

O pulo do gato do C.E.S.A.R foi focar em resolver problemas reais do mercado – e ganhar com isso para crescer. Diferentemente de boa parte da universidade hoje, que continua distante do mercado, o instituto do Recife conseguiu ser visto pelas empresas como um solucionador de problemas. "Inovação não é patente na prateleira. Não há nenhuma evidência de que existe relação entre número de patentes e performance no mercado", diz Meira.

Um dos primeiros casos de sucesso do instituto foi a criação de uma empresa para a leitura de cartões para o supermercado Hiper. Com apenas alguns pontos de venda no interior do Nordeste, a empresa era relegada ao segundo plano pelas grandes bandeiras. "Trinta máquinas no interior do Piauí contra 300 em Piracicaba. Não tinha como competir", conta Meira. O Hipercard garantiu a operação de 4 mil terminais, caso o C.E.S.A.R conseguisse desenvolver um terminal próprio para a leitura de cartões.

"Montamos uma força-tarefa. Entendemos o que era preciso fazer e saímos para contratar as pessoas que sabiam o que era preciso ser feito. Do zero, desenvolvemos uma tecnologia própria e começamos a crescer a taxas maiores de 100% ao ano", diz o cientista. A eCapture.com, empresa criada pelo instituto para operar os terminais, acabou sendo vendida para o Unibanco com uma taxa de retorno de investimento de 43% ao ano.

O repórter viajou a convite do C.E.S.A.R

Conheça alguns dos projetos do C.E.S.A.R

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