O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, descartou a possibilidade de nomeação política para os bancos públicos. Em sua primeira entrevista, para o jornal Bom Dia, Brasil da TV Globo, ele garantiu que o comando das instituições será técnico e deverá passar por seu aval. Meirelles ainda alfinetou as gestões passadas do Ministério da Fazenda, não descartou a CPMF e afirmou que pretende manter o crescimento do gasto em termos nominais e barrar uma alta real (descontada a inflação).
“As nomeações têm que ser técnicas, profissionais. Não serão nomeados profissionais que não passem por um crivo profissional meu. Isso (os bancos) não é instrumento de política.”
LEIA MAIS: Nome do presidente do BC será anunciado na segunda-feira
Ele ainda explicou que, apesar de perder o status de ministro, o presidente do Banco Central não perderá em autonomia. O governo deve propor uma emenda constitucional garantindo ao comandante do BC todas as condições de trabalho que possui hoje como ministro. Isso incluiria o foro especial, que seria estendido a toda a diretoria. Até que a emenda seja votada, no entanto, o presidente da autoridade monetária continua com o status de ministro.
Medidas
Meirelles evitou falar quais serão as novas medidas. O ministro afirmou que, primeiro, irá fazer um balanço para chegar a um quadro realista das contas públicas. Só então, anunciará as primeiras ações da equipe econômica. Segundo ele, a análise levará “alguns dias”.
“O mais importante nesse momento para o país é que comecemos a dizer a verdade e a sermos claros nas contas públicas. Isto é, primeiro temos que mostrar o que está acontecendo. Fazer um trabalho bastante sério, um levantamento de dados, para que a partir daí, com segurança e clareza, nós anunciemos as medidas necessárias.”
Ele adiantou, no entanto, que pretende controlar o gasto público para que ele não avance de forma real (descontada a inflação). Segundo o ministro, a equipe econômica pretende estabelecer o “nominalismo”, onde todas as contas terão que ser mantidas em termos nominais.
Meirelles ainda alfinetou a gestão anterior ao dizer que, quando anunciadas, as medidas têm que ser implementadas e mantidas. Nos últimos dois anos, o governo teve que enviar projetos de alteração das metas fiscais várias vezes ao Congresso Nacional. “Nós não podemos tomar uma medida hoje, outra amanhã e anunciarmos uma terceira na semana seguinte”, ressaltou.
Previdência
Agora com a atribuição de administrar também a Previdência Social, o novo ministro da Fazenda avaliou que a reforma do sistema previdenciário é fundamental para assegurar as aposentadorias no futuro. Ele defendeu a adoção de uma nova idade mínima para a aposentação e uma regra de transição com prazo equilibrado.
“Não prometemos valores que não podem ser cumpridos. Despesas públicas são sempre pagas pela população, e a Previdência também”, disse Meirelles.
O novo ministro adiantou que o governo interino de Michel Temer defenderá uma nova idade mínima de aposentadoria, mas ainda estuda qual será a regra de transição que será proposta para o novo sistema.
“O caminho está claro: idade mínima com regra de transição. E essa transição não pode ser nem muito longa e nem muito curta”, acrescentou. “Quem está contribuindo no futuro vai receber aposentaria como deveria. Com o crescimento da população e da idade média dos brasileiros, o crescimento da Previdência é insustentável no longo prazo, precisamos controlar isso”, argumentou.
O ministro lembrou que já há uma discussão extensa sobre o assunto, sem citar, no entanto, o Fórum da Previdência criado no ano passado pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. “Não se trata de uma novidade, o que precisamos agora é de uma determinação do governo”, completou.
Meta fiscal
Tramita neste momento no Legislativo, inclusive, um projeto que muda o objetivo fiscal de um superávit de R$ 24 bilhões para o governo central (formado por Previdência Social, Tesouro Nacional e Banco Central) para um déficit de R$ 96,6 bilhões. O rombo também foi descrito por Meirelles como “elevadíssimo”, mas, segundo ele, tudo indica que o número é ainda maior.
“Tudo indica que o número é maior do que isso. Portanto é necessário que se estabeleça uma meta que seja realista e que possa servir de base para começar a cortar despesas públicas.”
Nome do presidente do BC será anunciado na segunda-feira
O novo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantiu nesta sexta-feira (13), que o presidente do Banco Central continuará com status de ministro até que seja aprovada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estenda o foro privilegiado para a toda a diretoria colegiada da autoridade monetária. Ele prometeu ainda anunciar o nome do próximo presidente do BC na segunda-feira, 16.
“O presidente do Banco Central deixará de ser ministro, mas uma PEC garantirá condições de trabalho. Toda a diretoria do BC passará a ter foro especial”, disse Meirelles, em entrevista ao programa “Bom Dia Brasil”, da Rede Globo. “Neste intervalo, o presidente do BC continua como ministro. Ele só perderá esse status quanto a PEC for aprovada”, completou.
Por enquanto, Alexandre Tombini continuaria no cargo até junho, mas o ministro se comprometeu a anunciar na próxima segunda-feira o nome do sucessor do atual presidente do BC.
O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfjan, é o mais cotado como escolha de Meirelles para o comando da instituição.
-
Caminho do impeachment? Semelhanças e diferenças entre as brigas de Lula x Lira e Dilma x Cunha
-
Direita é maior que esquerda no Brasil, mas precisa se livrar do clientelismo
-
Comissão dos EUA que investiga relatos de censura no Brasil pede que Rumble entregue ordens do STF
-
“Nem a pau”, diz Moraes ao negar entrevista em Londres durante evento que barrou imprensa
Haddad apresenta projeto de regulamentação da reforma tributária ao Congresso
Na Embrapa sindicalizada do governo Lula, agronegócio vira tabu e meritocracia perde espaço
Pagamento de precatórios “turbina” economia e faz banco elevar projeção para o PIB
Lula critica pressão por corte de gastos e defende expansão do crédito
Deixe sua opinião