• Carregando...
Os londrinenses Matheus Funfas, Fernando Fumis e Gustavo Zanin transformaram jogo de cartas e tabuleiro “Contágio” em negócio | Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
Os londrinenses Matheus Funfas, Fernando Fumis e Gustavo Zanin transformaram jogo de cartas e tabuleiro “Contágio” em negócio| Foto: Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo

Jogos de cartas e tabuleiro seguem em alta, segundo Abrinq

Apesar do desenvolvimento dos jogos eletrônicos, a modalidade de tabuleiro está longe de perder espaço no mercado. Se em 2011 os jogos cartonados representaram acréscimo de 8% nas vendas de brinquedos, no ano passado, o crescimento foi de 12% no setor, com faturamento de R$ 7,5 bilhões, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).

Para o presidente da entidade, Synésio Batista da Costa, os resultados indicam que jovens e crianças que fazem parte do público-alvo dos jogos de mesa buscam produtos capazes de levá-los a uma interação. "Eles querem estar com outras pessoas, não aceitam solidão", observa ele, ao assinalar que, "exceto com jovens aficionados por games, os jogos eletrônicos têm um poder de entretenimento restrito".

Na opinião de Costa, isso ocorre porque a construção da relação das crianças com jogos eletrônicos é diferente da estabelecida quando o assunto são os jogos de mesa. "Uma criança não fica mais que uma hora e meia com um jogo eletrônico. Ela se cansa e depois quer brincar com um jogo tradicional", pontua o presidente da Abrinq.

Outro lado

Eletrônicos têm perspectiva de 13,5% de crescimento

Se o momento é propício para o retorno dos jogos analógicos, quando o assunto são os eletrônicos, o mercado segue em uma crescente. De acordo com a Associação Brasileira de Desenvolvimento de Games (Abragames), o país é o quarto maior mercado consumidor de jogos eletrônicos do mundo, atrás dos Estados Unidos, Japão e China. A perspectiva de crescimento das empresas brasileiras no setor é de cerca de 13,5% ao ano. No mundo, a projeção é de 60% ao ano, com uma movimentação de ao menos R$ 1,6 bilhão por ano.

A Abragames estima que existam cerca de 200 empresas especializadas em jogos eletrônicos no Brasil, divididas nas seguintes plataformas – 50% para PC, 25% para mobile e 25 para social games. A remuneração para quem opta por uma carreira na área pode variar de R$ 1,2 mil a R$ 10 mil por mês.

A era é digital, mas nem por isso os jogos de tabuleiro estão perdendo espaço no mercado. Brinquedos clássicos que marcaram a infância de muita gente grande vêm ganhando novas versões e design moderno. Exemplo disso é o famoso Banco Imobiliário, revendido há anos pela Estrela e que agora é comercializado com máquina para cartões de débito de mentirinha. As remodelagens mostram que o setor segue aquecido e que pode render boas oportunidades para quem tem coragem de apostar em novos títulos.

Os londrinenses Matheus Funfas, Fernando Fumis, ambos de 27 anos, e Gustavo Zanin, 28, vislumbraram esta brecha no mercado e acabaram de lançar o Contágio, primeiro card-game sobre mortos-vivos fabricado no Brasil. Fundadores da Esquina dos Mundos, incubadora de jogos analógicos, os amigos desenvolveram juntos o brinquedo, cheio de toques de humor. Matheus cuidou da ambientação e caracterização dos personagens zumbis, inspirados em estereótipos brasileiros, enquanto Fernando cuida das regras e da mecânica do jogo. As ilustrações e diagramação ficaram sob responsabilidade de Gustavo.

Para tirar o sonho do papel, o trio contou com dinheiro obtido através de um site de financiamento coletivo, o Catarse. Em menos de 20 dias, arrecadaram R$ 14 mil, cerca de 170% a mais do que haviam proposto inicialmente. Toda a produção ocorreu em Londrina e os criadores ficaram, desde então, responsáveis também pela distribuição do jogo.

Na rede

Da ideia à comercialização, o processo levou um ano, relata Fernando. Hoje, o jovem empresário analisa que o que era visto como um hobby, se tornou um negócio promissor para o grupo. A tiragem inicial de mil unidades já está no fim, sendo que a maioria das vendas ocorreu pela internet. Houve pedidos em outros estados, como o Acre e o Amapá, e até para outros países, como o Japão. Uma nova edição está a caminho. "O que ajudou a esgotar também foi a possibilidade de personalizar um kit na pré-venda. O comprador tinha a possibilidade de ganhar uma carta do jogo com sua foto", comenta o game designer. Animado com o sucesso da iniciativa, Fernando diz que a incubadora já se prepara para lançar até o final do ano um jogo de terror e opções educativas.

Para Matheus, o financiamento coletivo pela internet foi a ferramenta ideal para colocar o produto no mercado. O ilustrador Gustavo reforça que o trio também deu valor à adesão que o produto poderia ter junto às redes sociais. "Comunidades no Facebook, por exemplo, já têm se especializado na compra destes jogos. Nós ficamos atentos a isso e fizemos nossa campanha de lançamento e financiamento usando as redes sociais", observa.

Personagens são "figurinhas" nacionais

Em Contágio, primeiro card-game sobre zumbis produzido no Brasil, os mortos-vivos personagens são "figurinhas" nacionais, como políticos, jogadores de futebol, duplas sertanejas e camelôs. Eles podem ser usados pelos jogadores para atacar ou se defender ou, ainda, serem "fortificados" com "sintomas" bem-humorados.

Neste contexto, os participantes lideram grupos de sobreviventes que vasculham a cidade em busca de suprimentos, se defendem de ameaças ou se confrontam com os rivais. Cada partida tem, em média, 20 minutos de duração "Queríamos trabalhar com uma identidade própria, fugir dos clichês", relata um dos criadores da brincadeira, Matheus Funfas, sobre a escolha da temática.

A classificação indicativa do card-game é 14 anos. Em Londrina, o jogo está à venda na Nick Armas (Catuaí Shopping Center) e Dracon (Shopping Mall). Na internet, o jogo está à venda no www.esquinadosmundos.com.br, a R$ 30 mais o frete.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]