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O dólar recuou 2,26%, a R$ 3,7488 na venda, após atingir R$ 3,7338 na mínima do dia | Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O dólar recuou 2,26%, a R$ 3,7488 na venda, após atingir R$ 3,7338 na mínima do dia| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O dólar marcou a maior queda diária em um mês nesta quinta-feira (3), voltando abaixo de R$ 3,75, com investidores recebendo bem a decisão de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, mas ainda ponderando as implicações da medida para a economia brasileira.

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O dólar recuou 2,26%, a R$ 3,7488 na venda, após atingir R$ 3,7338 na mínima do dia. Foi a maior queda diária desde o dia 3 de novembro, quando a moeda norte-americana recuou 2,39%.

“A (eventual) saída de Dilma é vista como positiva e representa mudanças. Entretanto, temos que lembrar que o processo é longo e incerto, fragiliza ainda mais o já combalido governo do PT e coloca o país mais perto de perder o seu segundo grau de investimento”, disse o operador da corretora SLW João Paulo de Gracia Correa.

Na noite passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma. O processo ainda precisa tramitar por diversas etapas antes de resultar em uma votação final que decida o futuro da presidente.

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Outro fator que chegou a ajudar a queda do dólar foi o anúncio de novos estímulos do Banco Central Europeu (BCE), que tendem a favorecer ativos de mercados emergentes. O impacto foi limitado, no entanto, porque muitos operadores esperavam ações mais incisivas.

Intervenção

A atuação do Banco Central brasileiro completou o quadro favorável para o real, realizando nesta tarde leilão de venda de até US$ 500 milhões com compromisso de recompra. Segundo a assessoria de imprensa do BC, a operação não teve como objetivo rolar contratos já existentes.

O BC também deu continuidade, pela manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 1,645 bilhões, ou cerca de 15% do lote total, que corresponde a US$ 10,694 bilhões.

A queda do dólar ganhou ainda mais força na parte da tarde, depois que o contrato futuro do dólar recuou abaixo de R$ 3,80. O movimento desencadeou muitas operações automáticas de vendas de divisas para limitar perdas de operadores que não acreditavam que o dólar cairia tanto.

“Muita gente não acreditava que o dólar continuaria caindo. Mesmo hoje, eu não estou convencido de que esses níveis se sustentam”, disse o operador de uma corretora nacional.

É essa a opinião de estrategistas do banco JPMorgan, que ressaltaram que “os custos de embarcar no processo de impeachment são altos, pelo menos no curto prazo”. Por isso, recomendaram que clientes apostem na alta da moeda norte-americana se as cotações no mercado à vista continuarem abaixo de R$ 3,75.

Bovespa tem alta de 3,29%

A Bovespa reagiu positivamente à aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, com os investidores apostando em uma melhora no quadro político e econômico do país. O otimismo dos investidores se manteve mesmo diante da perspectiva de um processo longo e de resultado imprevisível. Com isso, a bolsa brasileira, que chegou a subir até 4,96% ao longo do dia, fechou com ganhos de 3,29%, aos 46.393,26 pontos e R$ 7,8 bilhões em negócios.

Estatais e bancos

As ações que melhor simbolizaram o otimismo com o noticiário político foram as da Petrobras e as do setor bancário. As ações da estatal petrolífera subiram de 3,48% (preferenciais, sem direito a voto) a 6,12% (ordinárias, com direito a voto), enquanto Banco do Brasil (ordinárias) avançou 8,40% e Itaú Unibanco (preferenciais), 6,35%.

Segundo profissionais do mercado de renda variável, o anúncio de que Cunha aceito um dos pedidos de impedimento da presidente, feito antes mesmo da votação da Comissão de Ética (marcada para dia 8), acabou pegando alguns investidores de surpresa.

Rating

Ainda no que diz respeito a um possível impeachment, os profissionais ponderaram que, apesar desta primeira reação positiva do mercado, a dinâmica do processo pode estressar os negócios em outras sessões. Isso porque há várias pedras no caminho até o desfecho.

O temor é de que, em meio a indefinições, o país tenha seu rating novamente rebaixado por alguma das principais agências. Uma equipe da Standard & Poor’s desembarcou no país na terça-feira (1º) para avaliar as condições políticas e econômicas domésticas.

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