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| Foto: jb/pp/JUAN BARRETO

Embora os analistas concordem que, tecnicamente, a recessão brasileira acabou, a economia do país deve seguir na lanterna do mundo em 2017. De acordo a mediana das previsões de crescimento econômico para 36 países, compiladas pela Bloomberg, o Brasil crescerá só 0,8% este ano, o segundo pior desempenho, empatado com a Itália e pior apenas que o da Venezuela (- 2,5%).

Segundo as previsões compiladas pela Bloomberg, o crescimento brasileiro deve ficar muito abaixo de outros emergentes em 2017. Muito à frente do Brasil estarão, por exemplo, Índia (7,4%, na liderança das expectativas), China (6,5%), e os vizinhos Argentina (3%) e Colômbia (2,4%). Entre os outros membros do Brics, os países com desempenho mais próximo ao brasileiro devem ser a Rússia (alta de 1,1%, prejudicada pelo baixo preço do petróleo e por sanções econômicas) e África do Sul (1,2%).

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A compilação da Bloomberg usa 31 projeções. Rodrigo Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda, lembra que as do Boletim Focus são ainda mais pessimistas: os analistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central já esperam avanço de apenas 0,49% este ano. Segundo o especialista, são três os principais empecilhos a uma retomada mais rápida. Um deles é o alto endividamento das empresas. Outro é o desemprego:

“Não basta simplesmente o PIB subir para que o desemprego caia. Nossa expectativa é que a atividade cresça por volta de 0,4%, 0,5% este ano. Nesse ritmo, a economia não consegue sequer dar conta da mão de obra que está entrando no mercado de trabalho, então a taxa não cai.”

E, é claro, existe a questão fiscal, destaca ele. “Por mais que o governo esteja promovendo mudanças de ordem fiscal, como a proposição da reforma da Previdência, a verdade é que a relação entre a dívida e o PIB vai continuar crescendo. E a experiência internacional mostra que, quando isso acontece, a recuperação é mais lenta que de costume.”

Paulo Gomes, economista da Azimut Brasil Wealth Management, espera crescimento de 0,2% em 2017. Para ele, a recessão foi tão profunda que deve significar seis anos perdidos para o país:

“A recuperação vai ser lenta porque os investimentos foram um dos segmentos que mais caíram e vão ser um dos últimos a melhorar; o desemprego deve continuar subindo e a indústria ainda tem muita capacidade ociosa. A perda do grau de investimento também representa uma dificuldade para a retomada. Ou seja, só conseguiremos voltar ao tamanho que tínhamos antes da crise por volta de 2020”, lamentou o especialista.

Com a retração de 3,6% da economia no ano passado, o Brasil encerrou 2016 como o país com pior desempenho do PIB em uma lista de 38 nações compilada pela consultoria Austin Rating. A economia brasileira já aparecia na lanterna do mesmo ranking no terceiro trimestre, quando havia registrado retração de 2,9% em relação ao mesmo período de 2015.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o grande problema do Brasil é que os esforços que deveriam ter sido feitos já no ano passado para amenizar o aprofundamento da recessão não se realizaram por causa do conturbado ambiente político.

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