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Com R$ 282 bilhões em dívidas, estatal teme perder o grau de investimento das agências de risco. | Paulo Whitaker/Reuters
Com R$ 282 bilhões em dívidas, estatal teme perder o grau de investimento das agências de risco.| Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Após a divulgação do balanço do terceiro trimestre e do ano de 2014 auditados, a meta da nova direção da Petrobras é reduzir o elevado nível de endividamento, que fechou o ano passado em R$ 282,1 bilhões. A mensagem foi transmitida nesta quinta-feira (23) pelos diretores da companhia em teleconferência a analistas de mercado. O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, não participou.

Os analistas se mostraram mais preocupados com o futuro da companhia, fazendo muitas perguntas sobre os investimentos e o nível de endividamento, mas não fizeram qualquer questionamento em relação às baixas contábeis de R$ 50,8 bilhões por causa da corrupção apontada pela Operação Lava Jato e da má gestão nos projetos e da variação do câmbio.

Segundo Ivan Monteiro, diretor de Relações com Investidores da Petrobras, a prioridade é desalavancar a empresa. Ou seja, o objetivo é reduzir o nível de endividamento da companhia. “A diminuição da alavancagem é uma prioridade. O grau de alavancagem é elevado. O capex [investimento] já está sofrendo uma redução expressiva de 37% para 2016. Já o programa de desinvestimento é conduzido de forma confidencial. Mas essa será uma premissa importante para desalavancar a empresa.”

Segundo ele, o novo plano de negócios da companhia, que será divulgado em 30 dias, é baseado em algumas premissas como a redução da dívida. “Com relação ao fluxo de caixa, o novo plano de negócios tem como premissa a desalavancagem, o capex e a priorização de ativos com maior retorno. Vai ser um conjunto harmonioso de decisões.” Monteiro disse ainda que não existe projeto ou iniciativa em relação à capitalização ou conversão de dívida.

Prejuízo da Petrobras foi o maior das empresas abertas em quase 30 anos

Perda da companhia em 2014 foi a pior do país em termos nominais desde 1986, e a terceira em valores corrigidos. O paranaense Banestado aparece na lista dos maiores prejuízos

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Grau de investimento

Segundo analistas do mercado e relatórios de bancos, com o balanço publicado, a principal ameaça agora é a perda do grau de investimento devido ao elevado nível de alavancagem. Na quarta-feira (22), a Petrobras informou que chegou ao fim de 2014 com uma relação entre a dívida e a geração de caixa de 4,77 vezes, maior que a relação de 3,52 vezes no fim de 2013. A empresa, assim como as agências de classificação de risco consideram o patamar aceitável de 2,5 vezes.

A Petrobras já perdeu seu grau de investimento na Moody´s, em decisão de janeiro deste ano. Já a Standard & Poor’s havia colocado a companhia, no mês passado, em perspectiva negativa. A Fitch, que também reduziu a nota da estatal, em fevereiro, embora ainda esteja com o grau de investimento, colocou a estatal com perspectiva negativa.

Na coletiva de divulgação do balanço de 2014 da estatal, a empresa informou que prevê investimentos de US$ 29 bilhões neste ano, menos que os US$ 35 bilhões do ano passado. Para 2016, o investimento cairá para US$ 25 bilhões. Monteiro classificou como “expressiva” a redução dos investimentos da empresa para 2016.

Obras da diretoria de Graça Foster tiveram desvio de R$ 700 mi

  • rio de janeiro

Projetos assinados pela ex-presidente da Petrobras Graça Foster, na época em que era diretora de Gás e Energia da empresa, estão na lista das obras superfaturadas que geraram perdas de R$ 6,2 bilhões, de 2004 a 2012. A petroleira assumiu na quarta-feira (22) que parte do dinheiro, R$ 700 milhões, foi desviada da diretoria comandada por Graça no período de 2007 a 2012.

Ela deixou a diretoria de Gás e Energia para ocupar a presidência da Petrobras, em janeiro de 2012. Três meses depois, afastou os diretores Paulo Roberto Costa, que ocupava a área de Abastecimento; Renato Duque, de Serviços; e Jorge Zelada, da Internacional. Costa – que se tornou o principal delator do esquema de corrupção – e Duque foram presos durante as investigações da Operação Lava Jato.

A área de Abastecimento, responsável por refinarias e pela comercialização de petróleo, concentrou mais da metade do total da corrupção: R$ 3,4 bilhões. A área de Exploração e Produção foi responsável pelo desvio de R$ 2 bilhões. E há R$ 100 milhões em “outros” departamentos.

Ao detalhar as perdas por diretoria, a Petrobras, pela primeira vez, admitiu a existência de corrupção na diretoria comandada por Graça. Até então, o foco estava na área de Abastecimento, das refinarias. Costa, em depoimento à Polícia Federal, chegou a afirmar que a cobrança de propina era uma realidade em todas as diretorias, mas não citou Graça como integrante do esquema.

Procurada, Graça Foster não quis se pronunciar. A atual direção da Petrobras também informou, por meio de sua assessoria, que não falaria a respeito.

Ação mais negociada da estatal cai após prejuízo de R$ 22 bilhões

  • são paulo

Após caírem mais de 9% no início dos negócios, as ações mais negociadas da Petrobras reduziram a queda, mas ainda assim fecharam com desvalorização nesta quinta-feira (23), um dia após a estatal anunciar que teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, o primeiro desde 1991, segundo dados ajustados pela inflação. Desse total, R$ 6,2 bilhões se referem às perdas com corrupção investigada na Operação Lava Jato.

Os papéis preferenciais, sem direito a voto, fecharam com queda de 1,52%, a R$ 12,92. No valor mínimo do dia, registrado às 10h17, caíram 9,38%, a R$ 11,89. Já as ações ordinárias, com direito a voto, fecharam com alta de 5,63%, para R$ 14,06, após chegarem a cair 6,40%, para R$ 12,46, também às 10h17.

As preferenciais tiveram queda mais acentuada depois de a estatal indicar que não pagará dividendos em 2014. O dividendo é uma parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas.

Nos Estados Unidos, os recibos preferenciais fecharam em queda de 0,34%, para US$ 8,68. Já as ordinárias tiveram uma valorização de 5,26%, para US$ 9,40.

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