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O Instituto Senai de Inovação é um dos espaços presentes no Estado para a pesquisa. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O Instituto Senai de Inovação é um dos espaços presentes no Estado para a pesquisa.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Apesar de contar com estruturas consolidadas e vistas como referência, o ecossistema de centros de pesquisa aplicada do Paraná ainda enfrenta barreiras para atingir todo o seu potencial e alavancar a competitividade das indústrias do estado.

Responsáveis por levar novas tecnologias e processos inovadores para as linhas de produção, os centros encaram entraves que vão desde o desinteresse (ou desconhecimento) das próprias empresas, a dificuldade no acesso a recursos para bancar projetos em tempos de crise e a falta de diálogo entre o setor produtivo e as universidades.

Para pesquisadores e analistas ouvidos pela Gazeta, estas barreiras explicam em parte a ausência de iniciativas recentes para a criação de novos centros de pesquisa – além do alto investimento exigido para a construção e manutenção dessas estruturas.

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Instituições como o Instituto Lactec, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) foram criadas entre as décadas de 1960 e 70, enquanto o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) soma 75 anos de existência.

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“Não faz sentido criar centros de pesquisa por meio de decisões de cima para baixo. Não podemos trabalhar por oferta, mas sim por demanda, porque o dinheiro vai ficando cada vez mais escasso para fomento e você precisa se tornar autossuficiente. Mas no Brasil, a iniciativa privada ainda dá pouco valor para essas organizações”, resume o diretor-presidente do Tecpar, Júlio César Felix.

A delicada equação entre demanda e oferta é exemplificada por meio da atuação do Lactec como unidade credenciada da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O instituto paranaense recebeu autorização em agosto do ano passado para executar projetos de eletrônica embarcada para indústrias em nome da Embrapii, que banca até um terço do total do custo do projeto.

Apesar de o Lactec ter feito mais de 50 visitas de prospecções junto a indústrias neste ano, em todo o país, apenas três projetos foram contratados.

“O recurso subvencionado da Embrappi não banca 100% o custo do projeto, então a indústria precisa investir boa parte desse valor. Nosso objetivo talvez fosse já ter um numero maior de contratos em andamento, mas considerando o cenário econômico, acreditamos que foi um bom resultado”, avalia o diretor de Operações Tecnológicas do Lactec, Lauro Elias Neto.

Miguel Igino, pesquisador do Instituto Senai de InovaçãoMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

Pouco diálogo

Parte essencial no ecossistema de inovação de qualquer região, as universidades, que poderiam ser outra porta de entrada para o desenvolvimento de projetos de tecnologia, ainda carecem de proximidade com o mercado, avaliam especialistas.

A percepção – que não é de hoje – é de que a academia possui a infraestrutura necessária, mas não o traquejo para transformar teses e artigos em novos produtos e processos.

“O pesquisador muitas vezes não sabe negociar, ir até uma empresa, enquanto o empresário também tem dificuldade em se aproximar desse pesquisador e geralmente nem sabe o que a universidade faz. Essa é uma barreira a ser vencida, com a ajuda de associações empresariais, que poderiam inclusive indicar quais as necessidades (da indústria). É preciso estimular isso, porque as universidades já estão bem aparelhadas”, diz o reitor da PUCPR, Waldemiro Gremski.

Projeto de lei pode ajudar a aproximar pesquisadores e empresas

Um projeto em trâmite no Senado é uma das apostas para estimular as parcerias entre pesquisadores de universidades públicas e empresas. O PLC 77/2015, que veio da Câmara dos Deputados, prevê, entre outras ações, que os governos estaduais, municipais e federal poderão ceder o uso de imóveis para a instalação de incubadoras e parques tecnológicos e que os laboratórios dessas unidades poderão ser compartilhados pelos entes públicos e privados. Além disso, o projeto aumenta de 240 horas/ano para 416 horas/ano a quantidade de tempo remunerado dedicado a pesquisas pelo professor de instituições federais de ensino superior.

O projeto se encontra atualmente em análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado. “Os países que se destacam em inovação são os que conseguiram fazer um arranjo institucional baseado em uma boa articulação do governo local com os empresários, universidades e instituições de pesquisa. Quando você tem numa mesma localidade esses vários entes focados, articulados, com ações cooperadas e complementares, este cenário começa a efervescer”, reforça a superintendente executiva da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Sheila Oliveira Pires.

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