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O Boticário se rendeu à classe C. A empresa acaba de lançar, em uma investida inédita dentro do grupo, duas linhas – uma de maquiagem e outra de loções e cremes – com cerca de 80 itens voltados para esse público, que hoje já é foco de atenção de concorrentes como Avon e Natura.

"Há uma preocupação cada vez maior das classes de menor renda com a beleza e o bem-estar. Para esse público, estar bonita é também uma forma de inclusão social", afirma Tatiana Ponci, gerente nacional de marketing.

A investida da empresa não é à toa. Boa parte do desempenho do setor nos últimos anos se deveu à ascensão da classe C, que, beneficiada pela renda, passou a diversificar sua cesta de consumo. Pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es­­tatística (IBGE) mostra que a classe C é a que mais gasta com produtos de higiene e beleza. O desembolso médio da classe C com esses produtos é de R$ 122,84 por mês, acima dos R$ 120,99 gastos pela classe B e os R$ 97,64 consumidos pelos mais ricos. O levantamento considera como integrantes da classe C as famílias cuja renda varia de R$ 1,4 mil a R$ 3,5 mil.

As duas novas linhas do Boticário são fruto de um investimento de R$ 26,5 milhões e oferecem produtos com preços de 20% a 50% menores do que os do portfólio tradicional. A linha de maquiagem, a "Intense" conta com itens com preços entre R$ 9,90 a R$ 25,90 e absorveu R$ 9 milhões. A linha "Cuide-se Bem" recebeu R$ 17,5 milhões em investimentos e oferece 15 itens.

A linha Intense nasceu, sem muito alarde, em 2008, com uma linha de 15 batons. De acordo com Tatiana, a chegada de batons mais baratos não afetou as vendas dos demais. Como as vendas foram boas, a empresa ampliou a variedade de produtos – foram mais 50 itens, como sombras, rímel, pó e blush.

Com o projeto, o Boticário en­­tra em um mercado com forte presença da venda direta, canal utilizado por Avon e Natura. Essa característica, porém, não será pro­­blema, segundo Tatia­na."Vejo vantagem nas lojas, porque as clientes podem experimentar os produtos." A empresa, que está investindo ao todo R$ 170 milhões, prevê crescer entre 16% e 18% em 2009 em relação ao faturamento do ano passado (R$ 1,04 bilhão).

O setor de perfumes, produtos de higiene pessoal e cosméticos praticamente ignorou a crise econômica e bateu recorde de vendas no primeiro semestre, com avanço de 18% sobre o mesmo período do ano passado, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). O Brasil – com faturamento de R$ 21,7 bilhões no ano passado nesse setor – é o terceiro maior mercado mundial, atrás do Japão e dos Estados Unidos.

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