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Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou Antonio Palocci como ministro da Fazenda, disse que fizera a escolha por necessitar de um médico para tirar a economia brasileira da CTI. Pode ser que a economia não estivesse moribunda, mas os indicadores eram realmente piores do que os atuais.

As maiores mudanças ocorreram nos indicadores financeiros. De 2002 para 2006, o risco-país, que mede a confiança dos investidores, caiu de 2.440 pontos para 231 pontos; o dólar passou de R$ 3,57 para R$ 2,11; o índice Bovespa saltou de 9.264 pontos para mais de 38.000 pontos. É verdade que, em 2002, os números foram deteriorados pela tensão do processo eleitoral, mas a economia apresentava uma vulnerabilidade bem maior. A dívida interna em moeda estrangeira, por exemplo, representava 37% do total da dívida e hoje caiu a zero.

Resultados como esses fizeram do ex-prefeito de Ribeirão Preto e coordenador da campanha de Lula uma unanimidade no mercado financeiro. Na quarta-feira passada, quando os jornais já estampavam novas denúncias sobre Palocci, uma teleconferência promovida pela consultoria Tendências mostrou que seu prestígio não sofrera qualquer abalo entre os analistas de bancos e corretoras que lhe dirigiram perguntas. Invariavelmente, as questões foram precedidas de copiosos elogios à sua gestão.

Sempre que pode, Palocci reafirma que a estabilidade deve ser a prioridade de qualquer política econômica. Logo que assumiu o cargo, o ministro tornou mais rigorosa a política de controle de gastos e elevou de 3,75% para 4,25% do PIB a meta anual de superávit primário (receitas menos despesas excetuando o pagamento de juros). O combate à inflação foi bem-sucedido: de 2002 para 2005, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para as metas do governo, caiu de 12,5% para 5,6%. Neste ano, o índice pode ficar abaixo da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central (BC).

O controle dos preços, porém, teve um custo alto. O BC manteve os juros elevados po muito tempo e essa foi, segundo analistas, uma das principais razões para o baixo crescimento da economia nos anos Lula. Apesar das condições extremamente favoráveis do cenário internacional, o "espetáculo do crescimento" anunciado no início do governo nunca ocorreu. Somente em 2004 o PIB teve uma alta satisfatória (4,94%). Em 2003, cresceu 0,54% e, em 2005, 2,3%. De acordo com empresários, os juros brasileiros tornam os investimentos no setor produtivo quase proibitivos. No último mês do governo anterior, a taxa básica Selic era mais alta (25%), porém retrocedeu muito pouco de lá para cá. Neste mês, foi fixada em 16,5% ao ano.

A rigidez das políticas monetária e fiscal levou Palocci a ser constantemente criticado, muitas vezes por colegas do próprio governo. Em alguns momentos, as relações com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tornaram-se quase insustentáveis. A substituta de Dirceu, Dilma Rousseff, também entrou em choque com o ministro da Fazenda ao condenar a defesa de um ajuste fiscal de longo prazo. No meio do fogo amigo, a postura do presidente Lula sempre foi a de buscar a conciliação e jamais questionar as políticas de Palocci. Uma vez, o presidente chegou a dizer que a economia era a área mais bem-sucedida de seu governo.

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