A falta de um fundo de compensação, com transferência automática de recursos e vinculado à receita de um tributo federal, travou o “sim” do Paraná na unificação das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Junto com outros três estados, o Paraná se posicionou contra a proposta apresentada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), na semana passada.
“Não tivemos qualquer garantia da União de como serão compensadas essas perdas. O governo federal sinalizou que levaria para o Congresso para ver qual tributo que seria aumentado para compensar a perda de arrecadação”, afirma o secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, que representou o estado no encontro. Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco também votaram contra o acordo, que precisava de unanimidade para ser aprovado.
A estimativa de Costa é que o Paraná perderia R$ 2,23 bilhões de arrecadação em sete anos com a mudança da alíquota de 12% para 4%. A unificação das alíquotas interestaduais do ICMS (cobrado quando uma mercadoria é produzida em um estado e vendida em outro) é considerada importante para acabar com a guerra fiscal entre os estados, que oferecem incentivos para atrair investimentos privados.
Compensação
Embora Levy tenha evitado falar sobre “fundo” durante o encontro, Costa afirma que a sugestão do Paraná é que o instrumento de compensação das perdas de arrecadação venha por meio de tributos federais como o Imposto de Renda ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). “Nossa proposta atende os outros estados da nação também”, afirma Costa.
Ao fim do encontro, o ministro Joaquim Levy prometeu estudar formas de criar fundos federais ou instrumentos financeiros que compensem a perda de arrecadação dos estados, mas disse que era cedo para se comprometer com valores ou fórmulas e que os empréstimos não podem provocar prejuízo fiscal à União.
O acordo no Confaz facilitaria a aprovação, pelo Senado, da resolução que convalida os incentivos fiscais, atualmente questionados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo sem a concordância dos quatro estados, os parlamentares podem votar o tema, que está parado na Casa desde 2013. A expectativa é que a votação ocorra no fim de maio.
Secretário da Fazenda de SP se diz otimista quanto a acordo
- são paulo
O secretário de Fazenda do estado de São Paulo, Renato Villela, está otimista com a perspectiva de que a reforma do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja pactuada pelos estados em breve, num prazo estimado por ele em menos de dois meses. “Nunca estivemos tão perto de um acordo para a reforma de ICMS, pois avançamos muito nessa questão, na última reunião do Confaz, que foi presidida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy”, disse Villela.
Na avaliação do secretário, a participação do ministro Levy no encontro do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), realizado na última sexta-feira (10), em Goiânia, foi muito importante para acenar com perspectivas para o fechamento de um acordo para a reforma do ICMS. Além de o ministro da Fazenda presidir o colegiado, algo que não ocorria há pelo menos 15 anos, Villela destacou que ele falou com muita clareza sobre a necessidade de se levantar em cada estado os números do impacto que essa reforma trará, para que o governo federal estime o volume necessário para compor os fundos de compensação e o de desenvolvimento regional.
Impasse
No encontro de Goiânia, apenas quatro estados – Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná – rejeitaram o acordo para a reforma do ICMS. Para ser colocado em prática, o acordo precisa do aval unânime de todos os estados mais o Distrito Federal. Apesar disso, o secretário de Fazenda de São Paulo disse que saiu da reunião “muito mais otimista do que estava quando chegou”. E emendou: “Creio que podemos vencer os obstáculos em cerca de um mês e meio.”
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