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Petrobras viu seus ativos depreciarem diante da queda do petróleo e das perdas com corrupção. | Antonio Lacerda/EFE
Petrobras viu seus ativos depreciarem diante da queda do petróleo e das perdas com corrupção.| Foto: Antonio Lacerda/EFE

A crise da Petrobras e queda de valor de mercado da companhia contaminou o balanço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém 10% do capital total da petroleira também estatal. O banco teve uma perda de R$ 2,6 bilhões, ao reavaliar o valor de sua participação na companhia em razão “do declínio prolongado e significativo no valor de mercado das ações” da empresa.

Sete Brasil

Para “evitar prejuízos vultosos”, o Ministério Público protocolou junto ao Tribunal de Contas da União um pedido de suspensão imediata dos empréstimos do BNDES previstos para a Sete Brasil, empresa criada pelo governo para construir sondas para a exploração de petróleo no pré-sal e que tem a Petrobras como uma das sócias. A Sete está em dificuldades financeiras e negocia com seus credores no Brasil mais uma renovação por 90 dias de parte de seus empréstimos-ponte, tomados no aguardo de um financiamento de longo prazo de US$ 9 bilhões do BNDES.

Dívida

A dívida do Tesouro Nacional com o BNDES nos pagamentos a título de equalização de taxas de juros saltou R$ 8,68 bilhões em 2014 ante o ano anterior, atingindo R$ 26,1 bilhões. A equalização é o valor que o Tesouro paga ao BNDES por empréstimos de linhas cujos juros ficam abaixo da taxa de juros de longo prazo (TJLP, hoje em 6% ao ano). A TJLP, elevada em 0,5 ponto porcentual na quinta-feira, baliza tanto os empréstimos concedidos pelo banco quanto o crédito que ele toma para então emprestar às empresas.

O BNDES estimou esse valor com uma perda “passível de não recuperação”, seguindo recomendações do Banco Central. Dessa cifra, R$ 1 bilhão foi lançada no balanço do ano passado e reconhecida como perda. O restante – que o banco ainda espera recuperar – permanece no patrimônio do banco, como um ajuste de avaliação patrimonial.

Segundo o BNDES, o tamanho da perda de valor da participação na Petrobras levou em conta uma nova em avaliação econômico-financeira da companhia, que sofre com a depreciação de seus ativos diante da queda do petróleo e das perdas com corrupção. O banco diz que a empresa não gerou baixas decorrentes de inadimplência em empréstimos.

Ao assumir essa baixa em suas contas (principal fator negativo em seu balanço), o BNDES viu seu lucro limitado em 2014 a R$ 8,594 bilhões. O desempenho, porém, supera em 5,4% os R$ 8,150 bilhões obtidos em 2013.

De acordo com o BNDES, o desempenho foi influenciado positivamente pelo retorno de financiamentos concedidos, que passou de R$ 11,7 bilhões em 2013 para R$ 13,4 bilhões em 2014.

Apesar da perda com a Petrobras, o banco ressalta que “outro importante fator que contribuiu para o lucro de 2014 foi o resultado com participações societárias”, cujo resultado avançou de R$ 2,5 bilhões em 2013 para R$ 2,9 bilhões em 2014.

O ambiente de maior incerteza fez o banco fazer provisões maiores (reservas de recursos) para eventuais perdas em investimentos – o número saltou de de R$ 2 bilhões em 2013 para R$ 2,8 bilhões em 2014.

Com ressalvas

O balanço do BNDES foi aprovado com ressalvas do auditor independente, a KPMG. A empresa de auditoria ressalvou que a desvalorização correspondente à diferença entre o valor de mercado baseado em cotação em bolsa de valores e o custo de aquisição das ações da carteira da BNDESPar (braço de participações do banco) é de aproximadamente R$ 5,2 bilhões.

A administração do BNDES, porém, concluiu que essa desvalorização não deveria ser registrada como perda em 2014, pois “não foram atingidos os parâmetros de declínio prolongado ou significativo” estabelecidos nas suas políticas contábeis e porque a estatal não apresentou ainda o balanço auditado.

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