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A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (29) que planeja investir 130,3 bilhões de dólares de 2015 a 2019, uma queda de cerca de 40% em relação ao plano de negócios anterior, prevendo também a venda de dezenas de bilhões de dólares em ativos e uma considerável desaceleração do aumento de sua produção de petróleo no Brasil.

A estatal prevê elevar a produção de petróleo no Brasil até 2020 para 2,8 milhões de barris por dia (bpd), bem abaixo dos 4,2 milhões de bpd estimados no plano anterior. A produção em 2015 deve ficar em cerca de 2,1 milhões de bpd.

A estatal reduziu a projeção de investimentos e, por consequência, de produção após ter sido atingida no ano passado pelo escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, com impactos financeiros e na cadeia de prestadores de serviços, e após os preços do petróleo caírem pela metade no mercado internacional nos últimos 12 meses.

Ações da Petrobras revertem perdas e sobem mais de 2% após Plano de Negócios

Estatal anunciou neste segunda-feira que planeja investir US$ 130,3 bilhões entre 2015 e 2019, queda de cerca de 40% 2014-2018

As ações da Petrobras reverteram as perdas da abertura e avançavam na manhã desta segunda-feira (29), após a estatal anunciar mais cedo que planeja investir US$ 130,3 bilhões entre 2015 e 2019, queda de cerca de 40% ante o Plano de Negócios e Gestão 2014-2018.

Às 10h39, as preferenciais ganhavam 2,35%, enquanto as ordinárias subiam 2,05%. Os papéis da empresa eram os únicos listados no Ibovespa a operar no azul, enquanto o índice caía 0,79%.

“O plano, de modo geral, passou uma mensagem bem mais realista que os anteriores”, avaliou o gestor Eduardo Roche, da Canepa Asset Management, destacando que a questão da paridade de preços, o tamanho do corte dos investimentos e as premissas sobre câmbio foram indicações positivas, “embora difíceis de executar”.

Ele questionou, contudo, falta de anúncio de teleconferência da empresa com analistas para explicar os números apresentados em fato relevante.

O analista Auro Rozenbaum, do Bradesco, chamou a atenção para a necessidade de a Petrobras explicar como vai realizar a redução dos indicadores de alavancagem, conforme propôs no novo plano de negócios, diante dos atuais níveis de preço do petróleo tipo Brent. “Considerando a quantidade de dívida, eu não sei como eles vão resolver”, afirmou.

“Foi uma queda bem significativa (nos investimentos). Dará um alívio para o caixa e a empresa vai precisar tomar menos valores emprestados. O plano anterior demandava mais endividamentos”, disse o analista-chefe da Gradual Investimentos, Daniel Marques.

Na comparação com o montante total previsto no plano anterior, de 220,6 bilhões de dólares, a redução dos investimentos foi de 41%. Se considerada apenas a carteira de negócios em implantação e em processo de licitação do plano 2014-2018, de 206,8 bilhões de dólares, o corte foi de 37%

“O plano veio bem em linha com a expectativa do mercado, vem no sentido de desalavancar a companhia”, afirmou o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira.

As ações preferenciais e ordinárias da companhia tinham alta de cerca de 1 por cento no fim da manhã, enquanto o índice Bovespa registrava queda de 0,94%.

Desinvestimentos

A estatal informou ainda que pretende vender ativos e reestruturar negócios no valor total de 57,7 bilhões de dólares até 2018.

A venda de ativos neste e no próximo ano deverá totalizar 15,1 bilhões de dólares, ante uma estimativa anterior de 13,7 bilhões de dólares.

O novo plano também prevê “esforços em reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais, totalizando 42,6 bilhões de dólares em 2017/2018”.

A companhia disse que projeta alavancagem líquida (relação entre o endividamento líquido e o endividamento líquido somado ao patrimônio líquido) inferior a 40 por cento até 2018 e a 35 por cento até 2020, ante 52 por cento ao fim do primeiro trimestre.

A relação entre endividamento líquido e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deverá cair para 3 vezes até 2018 e para 2,5 vezes até 2020, afirmou a estatal, que registrou índice de 3,86 vezes no fim de março de 2015.

“Eu acredito que a melhora no indicador (de endividamento) que a empresa divulgou como meta vai ser muito ajudada pela melhora operacional e margem Ebitda”, disse Marques, da Gradual.

Exploração e produção

A área de Exploração & Produção (E&P) continuará com a maior parte dos investimentos nos próximos anos, com um total de 108,6 bilhões de dólares, à medida que a empresa tem grandes projetos no pré-sal para serem desenvolvidos e operados.

“Na atividade de exploração no país, os investimentos estão concentrados no Programa Exploratório Mínimo de cada bloco”, disse a companhia.

Do total de investimentos em E&P, 86 por cento serão alocados para desenvolvimento da produção, 11 por cento para exploração e 3 por cento para suporte operacional.

A carteira de investimentos prioriza projetos de exploração e produção de petróleo no Brasil, com ênfase no pré-sal, disse a empresa.

Nas demais áreas de negócios, os investimentos serão usados basicamente para a manutenção das operações e para projetos relacionados ao escoamento da produção de petróleo e gás natural.

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