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Ao menos dois funcionários de lojas da Apple reclamaram diretamente ao diretor-presidente, Tim Cook, que a política da companhia de verificar bolsas e mochilas de funcionários das lojas como precaução de segurança é embaraçosa e humilhante, segundo um documento judicial que foi tornado público na quarta-feira (10).

As reclamações dos funcionários, que um juiz ordenou que fossem tornadas públicas, fazem parte de um processo aberto em 2013 que cobra da Apple compensação pelo tempo que os trabalhadores têm que ficar à disposição da empresa para que os gerentes verifiquem suas bolsas antes de deixar o serviço. O objetivo da Apple é evitar roubos.

Um funcionário, cujo nome foi ocultado no documento, disse a Cook em uma mensagem datada de 2 de abril de 2012 que essa política aplicada nas lojas é “insultante e humilhante”.

Sem confiança

“Esses procedimentos indicam que a Apple não confia e não respeita seus empregados”, afirmou o funcionário no e-mail enviado a Cook. “Os gerentes são obrigados a tratar empregados ‘valorizados’ como criminosos.”

Segundo um funcionário da Apple, quem trabalha na empresa recebe um cartão com o número de série de todos os seus equipamentos da marca. Os gerentes pedem a eles que mostrem seus iPhones e esses cartões ao deixarem a loja e, depois, têm de abrir bolsas e mochilas para verificação. Muitas vezes, o procedimento ocorre na frente dos clientes, de acordo com o relato.

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Cook encaminhou a mensagem do funcionário de uma Apple Store a executivos de varejo e recursos humanos de alto escalão com a pergunta: “Isso é verdade?”. O documento judicial não inclui as respostas que Cook recebeu. Mas, segundo o site CNNMoney, a chefe de Recursos Humanos, Denise Young Smith, escreveu para a chefe de Estratégias da companhia, Carol Monkowski, afirmando que a empresa deveria pensar em mudar essa política.

“Também não gosto dessa prática, mas entendo porque acreditam que é necessária”, escreveu Denise. “Gostaria de explorar outras opções como, por exemplo, verificações eventuais. Se é apenas uma prevenção, deve haver uma forma mais inteligente e respeitosa de agir.” E Carol respondeu que uma revisão das práticas nas lojas era uma medida prudente. Não está claro, porém, se a Apple já fez alguma mudança oficial. A empresa não se pronunciou sobre o caso.

Em outro e-mail, enviado a Cook em 28 de janeiro de 2013, um empregado da Apple Store de Pequim afirma que a empresas “trata os funcionários como animais”. O trabalhador, também não identificado, diz que a loja tem uma saída de emergência bloqueada por produtos da marca. Além disso, o profissional se queixou da política de verificação de bolsas e mochilas.

Monitorados

No processo aberto na Califórnia, dois ex-funcionários alegam que as “verificações” ou buscas em bolsas e mochilas são realizadas toda vez que os representantes de vendas saem da loja, inclusive para refeições. Além disso, afirma que as checagens ocorriam após o expediente e, muitas vezes, era preciso esperar mais de dez minutos — tempo que, no fim de um ano, equivaleria a uma remuneração de US$ 1.500, já que o salário médio por hora fica entre US$ 12 e US$ 18.

Outros funcionários da Apple movem uma ação separada contra a empresa por terem o tempo para almoço e descanso negados pela empresa, contrariando a lei trabalhista da Califórnia. E alegam que os profissionais eram obrigados a trabalhar mais de cinco horas seguidas sem comer e, em caso de turnos mais curtos, não tinham direito a pausa.

A ação também afirma que os funcionários reclamavam da restrição imposta pela empresa a qualquer comentário sobre as condições de trabalho com os colegas, “gerando medo entre os trabalhadores, que temiam o risco de serem demitidos, processados ou punidos se discutissem entre eles as questões trabalhistas”.

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