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Desenho que os alunos da 4a. série receberam como tarefa para colorir | /Banda B
Desenho que os alunos da 4a. série receberam como tarefa para colorir| Foto: /Banda B

A entrega de desenhos com órgãos genitais satirizados para crianças de 8 e 9 anos colorirem, em uma escola de Agudos do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, além de surpreender os pais, gerou polêmica nas redes sociais. Para os especialistas, o caso pode ser uma boa oportunidade para discutir qual deve ser a atitude dos pais, professores e da escola diante de situações que colocam na berlinda valores aceitos pelas famílias dos alunos.

A primeira recomendação para os pais é evitar o ‘pânico moral’, explica Maria Rita de Assis César, vice-coordenadora de pós-graduação em Educação da UFPR, que seria prejudicial às crianças. “É preciso ir até a escola perguntar o contexto daquilo e saber por que aconteceu”.

Ao identificar uma possível falha, é preciso avaliar qual foi a repercussão nas crianças. “A figura usada pela escola [de Agudos do Sul] não é adequada para crianças de quarto ano do ensino fundamental porque são partes do corpo que precisam ser tratadas sempre com naturalidade, e não da forma como foram apresentadas”, diz Angela Soligo, professora do departamento de Psicologia Educacional da Unicamp. “Mas isso não vai provocar nada nas crianças se os adultos não fizerem estardalhaço ou tomarem atitudes extremadas”, continua.

O efeito da imagem usada pela professora em Agudos do Sul é maior nos adultos - muitos alunos talvez nem tenham percebido o teor do conteúdo. De qualquer forma, os professores sempre devem respeitar a maturidade de cada criança ao propor um material didático, porque esse modelo de conteúdo pode ter consequências na compreensão da sexualidade. “As crianças têm etapas de aprendizagem que não devem ser ultrapassadas para garantir o seu desenvolvimento saudável”, afirma Fabiane Lopes de Oliveira, professora do curso de pedagogia da PUCPR. “É preciso pensar que as crianças nas diferentes faixas etárias estão construindo a figura do seu corpo, da sua identidade, e que isso deve acontecer de forma amena”.

Para Soligo, por outro lado, é preciso não confundir erros como esse com políticas públicas importantes que estão sendo implantadas de combate à homofobia e pela igualdade de gênero. “Isso foi um incidente que não pode servir de base para posturas preconceituosas”, alerta.

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