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Caroline na escola com a filha Júlia, de 3 anos: “Foi melhor do que eu esperava. Ela nem me pediu para ficar. Acho que a gente a preparou bem” | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Caroline na escola com a filha Júlia, de 3 anos: “Foi melhor do que eu esperava. Ela nem me pediu para ficar. Acho que a gente a preparou bem”| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Creches orientam antes do início

As férias para os 140 mil alunos matriculados nas escolas e nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) chegam ao fim amanhã. E a insegurança de pais e crianças na rede pública não é diferente. Nas creches da prefeitura, que atendem crianças de zero a 5 anos de idade em berçário, maternal e pré-escola, as primeiras orientações são feitas antes do início das aulas, ainda no período de matrículas.

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Bê-a-bá

Para evitar o nervosismo de pais e filhos no início das aulas, especialistas, educadores e psicólogos sugerem algumas medidas que podem ajudar:

> Os pais devem procurar conhecer e tirar todas as suas dúvidas sobre a escola antes de as aulas começarem.

> É importante que os pais conversem honestamente com os filhos sobre a escola, mas sempre falando positivamente das novas possibilidades de fazer amigos, descobertas e aprendizagem.

> É interessante envolver a criança na organização do material escolar, do uniforme, da mochila, despertar o interesse dela pela vida escolar.

> Os pais também devem avisar o filho sobre a hora de buscá-lo e quem irá pegá-lo na escola.

> Não é aconselhável que a criança fique esperando depois que estiver pronta para ser levada ao colégio.

> Se, para um dos pais, a ansiedade para deixar o filho na escola pela primeira vez for menor, é preferível que ele se responsabilize por isso.

> Se possível, matricular a criança numa escola onde haja alguma outra criança conhecida.

Júlia de Abreu Ribeiro, 3 anos, teve ontem o seu primeiro dia de aula. Aluna do maternal II, ela já estava com o material pronto na semana passada. Os itens foram constantemente conferidos pela mãe, Caroline Alves de Abreu, 27 anos, nos dias que antecederam o início das aulas. Também na semana passada, a técnica em edificações aproveitou a reunião preparada pela escola para recepcionar os pais para esclarecer suas últimas dúvidas. "Fiz uma listinha de perguntas para ficar mais tranquila. Ontem foi melhor do que eu esperava. Ela nem me pediu para ficar. Acho que a gente a preparou bem", conta.

No primeiro dia que Felipe Ratt­mamm Freire, 8 meses, ficou no centro de educação infantil, a mãe, Karla Rattmamm Freire, 33 anos, ligava de duas em duas horas para saber como o filho estava. Mas isso foi há duas semanas. Depois que a química industrial viu que a adaptação do filho foi tranquila, Karla só voltou a ligar com um pouco mais de frequência na semana passada, quando o bebê enfrentou sua primeira virose.

A ansiedade dos pais em relação ao primeiro dia de aula dos filhos é considerada normal pelos especialistas, mas eles também alertam para que a preocupação paterna não reflita nos pequenos. "Ao deixá-los no colégio, os pais não devem revelar que estão abalados emocionalmente. Precisam se mostrar tranquilos, explicando que a separação é temporária e que, em breve, se encontrarão novamente", explica a pedagoga Rosângela Borba, coordenadora de Educação Infantil do Colégio Positivo.

A psicóloga Ana Paula Viezzer Salvador esclarece que é importante os pais relatarem o que vai acontecer na escola, sem criar fantasias. "A rotina e as atividades devem ser descritas de forma real, assim a situação será algo previsível para a criança", diz. Uma sugestão é que pais e filhos visitem as escolas antes do ano letivo começar para que a criança conheça o espaço e as "tias" que irão cuidar dela.

Na tentativa de evitar o nervosismo dos pais, algumas escolas permitem que pais ou parentes acompanhem os alunos nos primeiros dias. Mas Ana Paula considera que o acompanhamento não deve ser regra geral para todos os casos. "A adaptação depende da família, mas na verdade o acompanhamento é mais para a mãe se sentir segura", explica.

Para Raquel Carneiro Brandão, coordenadora pedagógica do Colégio Nossa Senhora de Sion, onde Júlia foi matriculada, no bairro Batel, em Curitiba, o período de socialização é importante para o desenvolvimento da criança. "De 2 a 3 anos é a fase em que criança aprende a dividir e o convívio com outras crianças é fundamental", explica. A diretora do Centro Educacional Evangélico (CEE), Raquel Momm, considera que é preferível que a criança permaneça apenas 30 minutos na escola junto com a professora e vá embora com "gostinho de quero mais" do que passar uma tarde inteira com a mãe ao lado ou então chorando. "A participação dos pais é fundamental em cada aspecto, o que não implica de forma alguma em ficar dentro de sala de aula", garante.

Sentimento de culpa

Segundo a psicóloga Ana Paula, mais do que a ansiedade, a mãe precisa aprender a lidar com o sentimento de culpa de estar deixando seu filho para ser cuidado por outra pessoa. Ela explica que isso é mais comum nos casos em que a criança ainda é um bebê. "Geralmente, a mãe carrega a sensação de não estar oferecendo o que é necessário para a criança. Muitas ve­­zes essas mulheres não se sentem competentes como mães", explica. Pa­­ra superar isso, o primeiro passo é ter consciência disso. "A partir do momento em que a mãe identificar que o que está sentido é culpa, verá que existem muitas mães iguais a ela", afirma.

De acordo com Ana Paula, os pais precisam entender que é possível manter a qualidade do vínculo afetivo com a criança no tempo em que estiverem juntos. A psicóloga diz que é importante os pais perguntarem como foi o dia da criança e também contarem para ela como foi o seu. E para isso não é preciso um tempo específico, as conversas podem acontecer durante as atividades rotineiras, como nas refeições ou no banho, por exemplo. "E na hora das brincadeiras, os pais vão perceber que vale a pena aproveitar e se descontrair também", avalia.

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