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Pouca agitação, raros gritos, timidez e comemoração contida marcaram a estréia de Maradona à frente da seleção argentina. Nesta quarta-feira (19), em Glasgow, a equipe venceu amistoso com a Escócia por magro 1 a 0, em dia sem muita festa para um treinador visivelmente preocupado com problemas familiares - um soco no ar no apito final foi o maior, ou único, esboço de felicidade.

Desde a hora da execução do hino argentino - momento em que se via um Maradona sempre vibrante nos áureos tempos de jogador - notou-se a estrela do dia triste, sério e calado. A notícia de que a filha Giannina - grávida de seis meses do jogador Agüero, que pediu dispensa do amistoso - passou mal na terça-feira e estava internada em um hospital de Madri, na Espanha, mexeu com o técnico.

"Só não abandonei o jogo porque ela queria muito que eu estivesse aqui. Mas fiquei com muita dor no coração", havia dito Maradona, antes mesmo de a bola rolar. Mas nem bem o apito final soou, ele se dirigiu ao aeroporto, em busca do primeiro vôo disponível para a capital espanhola.

Maradona é muito apegado às filhas - tem duas - e garante dar todo o apoio necessário no momento. Para se ter noção de quanto a notícia mexeu com o craque, bastou vê-lo durante o amistoso. Sentado no banco, não teve forças e empolgação nem para comemorar o gol de Maxi Rodríguez, logo aos 8 minutos. Bem a seu estilo, a seleção chegou com toques rápidos ao ataque. Tevez recebeu na ponta-direita, e rolou, com classe para Gutiérrez, de primeira, servir Rodríguez: 1 a 0 com arremate firme e certeiro. O técnico nem um sorriso esboçou no lance. Esta foi a tônica de toda a etapa inicial.

O frio na Escócia também jogou contra. Encolhido no banco de reservas, conversas, mesmo, apenas com o auxiliar Mancuso, ex-volante de Palmeiras e Flamengo. Vê-lo dar orientação na beira do campo se tornou algo raro. Maradona observou sua nova seleção titular, sem mudanças, por 70 minutos. Depois, resolver dar chance para os reservas Gonzalez, Dennis, Diaz e Sousa. A primeira impressão ele já tinha dado na véspera: de que terá trabalho para voltar a dar alegria para seu povo.

A Escócia, que chegou perto da classificação para a Eurocopa, precisa mostrar bem mais se quiser a vaga para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Para tentar dar mais criatividade ao meio-de-campo, o técnico George Burley chegou a abrir mão do capitão Barry Ferguson. Nos minutos finais, o normal seria esperar que qualquer bola fosse usada para lançar na área e tentar, no abafa, o empate. Nem isso fizeram.

Apesar do futebol discreto e da tristeza pessoal, o saldo foi positivo para Maradona na sua estréia, no retorno do jogador à capital escocesa. A última vez que esteve em Glasgow com a seleção argentina foi em 1979, quando estreou pela equipe e marcou o primeiro gol na vitória por 3 a 1 em amistoso. Nesta quarta-feira, repetiu a dose.

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