• Carregando...
O coxa Serginho e o atleticano Heraldo: histórico | Arquivo/GRPCOM
O coxa Serginho e o atleticano Heraldo: histórico| Foto: Arquivo/GRPCOM

O Atletiba deste domingo é talvez o mais sem graça de todos os tempos – embora ainda seja um Atletiba, o que não é pouca coisa, é muita. Os times C (D?) de Atlético e Coritiba, num Paranaense sem qualquer atrativo, um convite quase irrecusável para queimar a tarde na rede ou praticando surfe de peito no Litoral.

Há quem diga que o Atletiba acabou no Paranaense de 1990, temporada das últimas edições deluxe. Papel picado, higiênico (para jogar), foguetório na entrada dos times, bandeiras, faixas etc – tudo aquilo que fazia da arquibancada cenário tão importante quanto o que rola no campo. Com um detalhe fundamental: artefatos para os dois lados. "Ah, mas a torcida do Atlético era sempre visitante e ficava com uma parte menor do Couto Pereira". Bom argumento. Mesmo assim, os três anéis da curva da Igreja do Perpétuo Socorro eram um espaço, pelo menos, decente.

Desde então, a irracionalidade de dirigentes e torcidas organizadas destruiu o charme do Atletiba, cada vez mais limitado ao jogo jogado. E aí, sempre aparece alguém cheio de razão culpando o rival. O fato é que até clássico com torcida única já tivemos – os cartolas são mesmo uns gênios.

Mas voltemos a 1990, quando havia ainda alguma tolerância. O confronto de 1.º de maio, como o que viria depois, foi um dos maiores Atletibas de todos os tempos. Pouco mais de 52 mil pessoas foram ao jogo, segundo maior público da história – perde apenas para os 54 mil que viram uma das partidas da decisão do Estadual de 1978.

Em campo, um Furacão em ritmo de feriado foi atropelado pelo Coxa. Ronaldo, o Lobisomem, abriu o placar, num pique de velocidade estonteante. Depois, cruzamento da esquerda e Chicão estava no lugar certo, na hora certa, para dar o toque certo e ampliar. O terceiro também foi do artilheiro, que subiu mais alto que o zagueiro e meteu o cocuruto nela: 3 a 0. A vingança rubro-negra viria meses mais tarde, no dia 5 de agosto, o segundo jogo da decisão do certame – o primeiro foi 1 a 1. Novamente no Couto, o Atlético tinha a vantagem de novo empate para ficar com a taça.

Bola pererecando e logo de cara Dirceu mexeu no marcador. Carlinhos Sabiá, aquele, partiu pela direita e cruzou para o avante meter a cabeça preta na bola branca: 1 a 0. Parecia uma vantagem segura. Mas você sabe, nem sempre o que parece é.

Ainda no primeiro tempo o Coxa virou. Bate-rebate, a bola sobra para Pachequinho e o Formiga Atômica venceu Marolla: 1 a 1. Na sequência, Serginho Cabeção passou um pote de manteiga na bola e bateu o escanteio na área. Marolla não conseguiu segurar a pelota escorregadia e Berg mandou para dentro. O zagueiro parecia ser o herói do título alviverde. Mas só parecia... Aos 26 minutos, o lance que mudou a vida das quase 40 mil pessoas no estádio. Odemílson, o Minotauro, cobrou o lateral na área. Seria o último toque de um atleticano na bola. Serginho cabeceou para trás, Jorjão espanou e Berg, que se tornaria "aquele" por este lance, mandou de cabeça, contra, para a rede. Furacão campeão.

Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]