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Sentado diante do monitor do computador recordo como, faz pouco tempo, eu estaria olhando para uma pilha de laudas em branco, ajeitando duas delas na máquina de escrever, com uma folha de papel-carbono entre elas.

Os erros de ortografia ou datilografia eram apagados com uma sucessão de xis e as emendas feitas laboriosamente a caneta, resultando um texto sujo e que dava trabalho para o revisor ou para o pessoal da oficina na hora da impressão.

Quando, em viagem, era preciso levar uma máquina de escrever portátil ou sair do estádio rapidamente para emprestar a intimorata Remington do escritório do hotel. Se estivesse na Itália seria Olivetti. Batucava a coluna e pedia para enviar, primeiro pelo teletipo; mais a frente, via fax.

Se desse alguma zebra o caminho era usar o telefone mais próximo e ditar o recado para algum colega na redação. O celular foi uma benção, mas para os jornalistas o maior avanço foi o ipad.

Vítima da reserva de mercado nos tempos em que José Sarney era Presidente, o Brasil ficou para trás em tecnologia e para cobrir uma excursão da seleção na Grã-Bretanha levei dezenas de laudas e tive de correr atrás de uma typewriter, pois eles já haviam aposentado as bichinhas, que estavam em liquidação nas vitrines de algumas lojas.

A transição custou caro, pois, como ainda não tínhamos ingressado na era da computação, antes de comprar a maquininha consegui encontrar uma bem antiga no depósito do Mont Royal Hotel, na velha Oxford Street, em Londres.

Graças à nova tecnologia, nas últimas décadas não preciso mais ir à redação do jornal ou ao estúdio da rádio. Os comentários são mandados de qualquer lugar do mundo instantaneamente.

O futebol tecnológico também chegou para ficar.

Nas explicações apresentadas pelo goleiro Weverton em torno da sua excepcional atuação no jogo em que o Atlético eliminou os Millonarios nos pênaltis, ele reportou-se à modernidade. Ou seja: o grande goleiro recebeu informações preciosas e orientações do treinador especializado que estudou o comportamento dos cobradores de pênalti do adversário.

Antigamente os goleiros ficavam treinando sozinhos e havia revezamento entre o titular e o reserva nos exercícios dos fundamentos. No final do treino coletivo os atacantes passavam mais uma meia hora treinando faltas e penalidades. Tudo na intuição e habilidade individual.

Os treinadores ganharam a vantagem de assistir aos jogos do próximo adversário pelo DVD e usam todas as engenhocas tecnológicas antes, durante e após as partidas para explicar o comportamento tático dos jogadores em campo.

Agora as câmeras de tevê vão tirar as dúvidas da arbitragem.

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