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O Corinthians ganhou o título brasileiro porque, entre tantas virtudes, foi o time que melhor soube aproveitar os espaços do campo. A noção plena de tempo e espaço vale para tudo e para todos. No futebol, a dimensão dos gramados cada vez mais parece com quadras de basquete. Os campos encolheram.

Nos anos 70, os jogadores de futebol corriam 5 km durante uma partida, hoje atingem a média de até 12 km durante os 90 minutos. Achar espaço ficou difícil. Antever, criar e prospectar uma jogada precisa de muita habilidade. Tite soube lidar com isso, mesmo sem nenhum jogador fora de série. O técnico do Corinthians extraiu o máximo das virtudes de cada jogador na ocupação dos espaços.

O Coritiba perdeu muito tempo quando trouxe Celso Roth em 2014. Questão também de tempo e espaço. Sem tempo, não há como um novo treinador corrigir o uso de espaços. O interino Pachequinho trabalhou em dois jogos – Corinthians e Goiás – o drible e a velocidade, e se deu bem.

Um drible bem executado derruba todo o esquema adversário. Na memória está viva aquela espécie de saca-rolha aplicada por Neymar no gol antológico do Barcelona. Também as garrinchadas de Willian e os zigue-zagues de Douglas Costa no jogo da seleção contra o Peru. O Coritiba tem o virtuoso Negueba para esta missão contra o Santos.

Volta o tema do espaço. A punição imposta ao Coritiba proíbe a presença de torcida amanhã, contra o Santos. Se há espaço, deve ser ocupado. Senão é desperdício. E o vazio sempre é indigesto. Jogo sem torcida é como cerveja sem álcool. É picolé de chuchu. Sem graça como dançar com a irmã. O certo seria distribuir ingressos para mulheres e crianças. O que não depende do Coritiba.

O Coritiba vai ter de lidar, sim, com o silêncio para os inocentes. Há muito tempo entrevistei Bárbara Heliodora, a mais respeitada crítica de teatro, falecida neste ano, e perguntei a ela como é que um ator lida com esse negócio de público pequeno, com emoções grandes etc. “Se houver uma única pessoa, ou se o teatro estiver abarrotado, o desempenho deve ser rigorosamente o mesmo. Se não for assim, o ator é péssimo”.

Talvez seja este o espaço (mental) mais importante a ser preenchido pelos jogadores amanhã.

Engarrafamento divino

Recebi do amigo Pablo Saint-Romain, da France-Presse, a informação de que o plano macabro dos terroristas para explodir as bombas dentro do Stade de France, na sexta-feira 13, só não deu certo porque o trânsito de Paris conspirou contra eles, felizmente. Com o jogo França e Alemanha em andamento e o estádio lotado, os portões foram fechados.

No momento das explosões fora do estádio, o jornalista estava na redação da AFP escrevendo sobre o escândalo do doping dos atletas russos. Quando perguntei como ele estava com tudo isso, disse-me apenas: “Estresse total”. Pablo virá cobrir os Jogos do Rio 2016.

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