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A Vila dos Atletas é o sonho de todos os competidores olímpicos. Para a maioria que não tem chance de subir ao pódio então, é o desejo máximo, orgulho, a conquista de estar, de conviver na cidade mais cosmopolita do planeta: a Vila Olímpica.

Na verdade, é um grande parque de diversões, onde há o encontro, e este encontro provoca uma atmosfera mágica. Mesmo as celebridades – com raras exceções – vão até lá para sentir o clima colegial, descontraído, pulsante, de um estado de espírito que só eles, atletas olímpicos, têm.

O jornalista credenciado pode chegar até a zona mista, na entrada da Vila, onde os atletas saem para dar entrevistas. Durante os Jogos de 1992, porém, um funcionário do COB me deu um tíquete que dava acesso a todas as dependências da Vila Olímpica de Barcelona.

Foi a primeira e única vez que testemunhei o ambiente real dos Jogos. Aposentos, restaurantes, diversões enfim. E a convivência de atletas de todo mundo. Recordo-me que almocei, inclusive, com o ciclista paranaense Hernandes Quadri Junior.

Charles Barkley e outras celebridades do milionário basquete dos Estados Unidos estavam hospedados num hotel da cidade, e iam para lá sentir o clima olímpico. Diziam que aquele ambiente era uma necessidade para eles, mas a fama os impedia de incorporar o verdadeiro espírito esportivo.

Na Olimpíada de Sidney, a seleção de futebol do Brasil ficou concentrada em um faraônico hotel cinco estrelas, com direito a campo de golfe, spa, enfim, um luxo só. Voltou de mãos abanando.

Em 2012, a CBF se aquartelou no Sopwell House. Hotel para dar inveja até para a jornalista Claudia Cruz (mulher de Eduardo Cunha). A CBF havia bloqueado os 130 aposentos para blindar a seleção. Perdeu o título para o México.

Lembro que nessa mesma olimpíada os jogadores pediram para conhecer a Vila em Londres. Tietaram vários atletas de outras modalidades e de países diferentes. Ficaram encantados. O ginasta Arthur Zanetti era um ilustre desconhecido. Ninguém da seleção conversou com ele. Zanetti foi medalha de ouro.

Soube hoje que o tenista Roger Federer ficará, agora em agosto, numa mansão de Angra, e vai ao Rio de helicóptero para a disputa das partidas. Quer evitar os holofotes para manter a concentração.

Djokovic, por sua vez, não deve dormir na Vila. Mas pensa em se aclimatar antes dos Jogos por lá. O outro ícone das quadras, Rafael Nadal, optou em ficar direto, comer no bandejão, dormir, compartilhar o ambiente com outros atletas.

Sei que é uma questão de logística e de livre arbítrio. Acho, no entanto, que todos, atletas de ponta ou não, deveriam ir para a Vila. A Vila é uma cidade independente. Que não quer abafar ninguém. E que vai ter sempre, num barzinho qualquer da Barra, o som de uma melodia de Noel clamando:

“Eu já chamei você pra ver, você não viu porque não quis...”.

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