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No mês passado estive na casa de um senhor idoso, que havia conhecido alguns anos atrás. Surpreendi-me ao vê-lo bem de saúde, lúcido e renovado. Mais do que isso, cheio de planos futuros. Este senhor completa agora, no próximo dia 1.º de maio, 103 anos. A família toda irradiava bons fluidos, num ambiente alegre e fraternal. Senti-me muito bem com o astral dos anfitriões. Diferentemente de outras ocasiões.

Minha visita profissional foi na casa dele, Operário Ferroviário, no dia que venceu o Atlético por 1 a 0, no mês passado, pelo Campeonato Paranaense. Era uma nova Vila Oficinas. Não que houvesse mudanças materiais faraônicas, apenas melhoria de gramado, instalação de cadeiras, camarotes e um espaço inteligente para eventos sociais. A transformação real que notei, foi a limpeza de uma energia estagnada que conheci tempos atrás, para um clima festivo daquela noite quente.

Conversando com o pessoal antes da partida, entendi o enredo da coisa. Quando a situação está difícil, diziam eles, as aves de rapina voam baixas e de olho na presa.

Os anjos, arcanjos e querubins, porém – percebi nas entrelinhas –, juntaram forças para salvar o fantasma das garras dos oportunistas. Foi assim que conseguiram preservar a centenária herança que estava em jogo. O patrimônio físico e cultural do Operário é um fato.

A coisa mudou para melhor. Segundo alguns exotéricos, Ponta Grossa talvez tenha sido salpicada de um tempo para cá, por estilhaços cósmicos de Raul Seixas – dizem que seus fragmentos estão naquele pedaço –, pois foi ali que o artista fez um dos seus últimos shows, dias antes de morrer em 1989. Seja como for, a cidade e o clube renascem.

Bem, o veículo concebido por este centenário senhor, entre pedras e dormentes da linha ferroviária – o mais romântico meio de transporte da humanidade, o trem – enfim, substitui a antiga “Maria Fumaça”, acelerando agora na linha da modernidade.

O Operário Ferroviário – velho caquético, uma ova! – busca o crescimento, dentro de numa cidade que já foi depressiva e autofágica, e onde o futebol acompanhava o clima, depois do eldorado dos anos 1960, quando o Guarani e o Operário viraram Pontagrossense, e que veio a sucumbir.

O Coritiba vive um momento estável, com administração sólida. É um time compacto, bem dirigido, e que digere, até certo ponto a perda de Alex.

Esta nova era que Ponta Grossa inteira abraça, potencializa uma superação incalculável. O que provoca uma enorme diferença e equilibra tudo. Seja nos Campos Gerais ou em Curitiba. O desfecho dos dois jogos, nem o mago Paulo Coelho ousaria antecipar.

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