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Durante 11 dias percorremos – eu e o fotógrafo Albari Rosa – oito cidades da África do Sul para descobrir quais legados a Copa do Mundo de 2010 deixou para a sede do torneio vencido pela Espanha. O resultado dessa peregrinação do outro lado do Atlântico foi publicado em três dias de reportagens especiais, entre sexta-feira e domingo passados, e que pode ser acessado no site Copa 2014 da Gazeta do Povo (www.gazetadopovo.com.br/co­pa2014).

Para início de conversa, é evidente que a competição na África do Sul, há um ano, e o Mundial que será realizado no Brasil daqui a três anos têm apenas uma coisa em comum: são organizados pela Fifa. Fora isso, não há quase nenhuma outra semelhança.

Para o país africano, o torneio teve um reflexo que foi além do futebol. Para o mundo, a África deixou de ser apenas um país de caçadas e selvas. O mundo viu também o lado moderno, com uma infraestrutura de dar inveja ao Brasil, por exemplo.

Segue sendo um país com criminalidade alta e diferenças sociais incríveis. Sérios problemas na área de saúde. Mas para isso a Copa do Mundo de 2010 também serviu de estímulo. E, um ano depois, no geral, o que vimos foi uma tentativa de continuar melhorando.

É um reflexo mais ou menos parecido com o de quando realizamos algo que nem mesmo nós acre­­ditávamos ser capazes de alcançar – mas que, depois que con­­se­­guimos, nos faz sentirmos mais fortes. Esse é basicamente o fenômeno que se vê no país de Nel­­son Mandela. Pois as coisas não pararam, continuam andando.

Que significado especial terá a Copa do Mundo no Brasil, além do futebol? Se os estádios na África, mesmo sem plena utilização, servem para motivar a população, é difícil – para não dizer impossível –, vermos o mesmo acontecer por aqui.

Há ainda muitas outras interrogações que fizemos nas duas semanas de viagem. Questões que tendem, em sua maioria, a serem respondidas negativamente. Não é fácil reverter um cenário tão precário.

Já pensando na Copa no Brasil, uma pergunta é bem pertinente: passada a competição, o que ficará para o Brasil, orgulho ou escândalos? Na África, essa dúvida também apareceu, mas, por enquanto, o único problema a pipocar publicamente foi um gasto de cerca de R$ 10 milhões em despesas não autorizadas no setor de arte e cultura. Claro que deve existir muito mais.

Sinceramente, em uma comparação mais detalhada, acho que para nós ficará a estrutura em si: aeroportos, estádios, algo de urbanismo nas cidades, etc. O Brasil não precisa de propaganda como precisava a África do Sul. E também não precisamos provar muito mais coisas para ninguém.

Dessa forma, será difícil se resolver questões mais profundas, como criminalidade, por exemplo, coisa que está ocorrendo na África do Sul. Assim, é difícil que não se repita a estratégia utilizada "com sucesso" no Pan-Americano 2007: fazer uma excelente maquiagem, mas com prazo de validade de um mês.

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