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Carlos Garletti, atirador, uma das apostas do poder público para o esporte | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Carlos Garletti, atirador, uma das apostas do poder público para o esporte| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo
  • Maria Luiza, mesa-tenista
  • Claudiomiro Segatto, mesa-tenista
  • A halterofilista Márcia Menezes é outra aposta do poder público para o esporte

Por seis anos, Daniel Jorge da Silva dividiu seu tempo entre o trabalho como bancário e integrante da seleção brasileira de vôlei sentado. Uma rotina quebrada há pouco mais de um mês, quando ele foi demitido. O que anteriormente seria motivo de desespero acabou vindo a calhar. A pouco mais de dois meses da Paralimpíada de Londres (em 29/8), o desemprego possibilitará dedicação exclusiva aos treinamentos e a Bolsa-Atleta de R$ 2,5 mil permitirá que as contas pessoais sejam mantidas em dia pelo menos até vol­­tar da Inglaterra.

O caso de Daniel é regra. A exemplo dele, outros oito paranaenses com vaga nos Jo­­gos são beneficiários dos diversos mecanismos de repasse de verbas públicas. Na­­cionalmente, a situação se repete. São os recursos federais, estaduais e municipais que mantêm o esporte paralímpico brasileiro em pé e fazem do país a potência mundial que ainda não consegue ser no meio olímpico.

"Com o Bolsa-Atleta eu tenho a segurança de agora poder só treinar. Senão, teria de procurar outro emprego a poucas semanas da Pa­­ralimpíada", diz Daniel, que ainda recebe uma ajuda de custo do seu clube, o Unilehu, de Curitiba. "Não chega a mil reais", complementa.

O Bolsa-Atleta é o benefício mais comum – 9 dos 11 paranaenses classificados para Londres são atendidos –, mas não chega a ser o único. Márcia Cristina de Menezes, do halterofilismo, recebe um salário mínimo por mês da prefeitura de Londrina. Iliane Faust, Maria Luiza Passos e Claudiomiro Segatto, todos do tênis de mesa, foram abraçados pela ampliação do TOP 2016, do governo estadual.

Claudiomiro e Maria Lui­­za ainda tiveram projetos aprovados via Lei de In­­centivo ao Esporte de Curi­­tiba, o que garantiu para cada um R$ 5 mil nos dois últimos semestres. Recorrer às diversas fontes de receita pública é apontado por eles como o único caminho para seguir competindo.

"Nunca soube de um atleta paralímpico no Paraná que tenha recebido patrocínio direto de uma empresa privada", aponta Claudiomiro, que tentará, ao lado de Welder Knaf, conseguir a segunda medalha olímpica ou paralímpica do Brasil no tênis de mesa. A única foi conquistada em Pequim-2008, uma prata de Knaf e Luiz Algacir, morto em 2010, vítima de câncer.

Anderson Ribas da Silva, do vôlei sentado, e Emerson de Carvalho, do futebol de 5, são os únicos da delegação pa­­ranaense sem receber dinheiro público. Por enquanto. A participação nos Jogos de Londres incluirá ambos automaticamente entre os bene­­ficiados pelo Bolsa-Atleta até a edição de 2016, no Rio de Janeiro.

"Dá uma segurança [receber a Bolsa], mas tem de ir lá e mostrar resultado também", ressalta Anderson, que tem uma loja de sistemas de som em Curitiba.

Anderson garantiu a convocação para Londres durante uma competição da seleção brasileira no início do ano, no Egito. Antes de desembarcar na capital inglesa, participará de uma aclimatação em Manchester com todo o time nacional, em uma repetição dos períodos de treinamento em São Paulo, a cada dois finais de semana. Claudiomiro e os outros quatro paranaenses do tênis de mesa disputaram torneios na Alemanha, Hungria, Eslovênia, Eslováqui e Itália como preparação para os Jogos. Eliseu dos Santos tentará sua terceira medalha na bocha – foi ouro e bronze em Pequim – credenciado pela vitória na Copa do Mundo de Dubai.

Uma quilometragem importante para o Brasil superar o nono lugar geral da edi­­ção de 2008, na China. Ou­­­­tro salto de qualidade financiado pelo dinheiro público. Somente neste ano, o Mi­­­­nis­­tério do Esporte destinou ao Comitê Paraolímpico R$ 12 milhões para preparar a delegação para Londres, via Sistema de Convênios.

A Lei Agnelo-Piva vai garantir o repasse de outros R$ 21,7 milhões. As prefeituras do Rio e de São Paulo contribuem, respectivamente, com R$ 3,5 e R$ 2,2 milhões. As Loterias Caixa, com R$ 11 milhões, completam o bolo. Um respaldo superior a R$ 50 milhões com o qual o Brasil pretende ser sétimo em Londres e quinto no Rio, em 2016.

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