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Uma reunião do Conselho Consultivo do Paraná nesta terça-feira (10) vai definir o futuro do presidente Rubens Bohlen. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Uma reunião do Conselho Consultivo do Paraná nesta terça-feira (10) vai definir o futuro do presidente Rubens Bohlen.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Nos últimos sete anos, a dívida do Paraná saltou. De aproximadamente R$ 8 milhões, conforme balanço de 2007, para R$ 62,2 milhões em 2014, de acordo com o resultado de auditoria independente revelada na última reunião do Conselho Deliberativo, na quinta-feira (5) passada.

Um aumento que não necessariamente está ligado ao acúmulo de novas dívidas, mas sim à forma como os demonstrativos financeiros eram aprovados internamente: com ressalvas. Método que mascarava o cenário real, como é praxe no mercado.

A auditoria feita neste ano pela empresa DG Investimentos trouxe à tona os asteriscos e contemplou não apenas as ações judiciais de perda provável (que dificilmente o clube reverterá), como também as de perda possível (com possibilidade de ganho) e de perda remota (praticamente vencidas pelo clube). Com isso, o débito saltou de R$ 21 milhões para R$ 62,2 milhões apenas no último ano.

“Pela lei, estes valores não seriam obrigatórios nos balanços financeiros. Por isso os balanços podem ser publicados com ressalvas. Mas nosso levantamento leva em conta as dívidas ajuizadas e não-ajuizadas”, explica Fernando Gerardi, sócio da empresa, que prevê novo aumento da dívida no balancete de 2014. “Vai ter um salto maior, pois foi neste ano que começaram os atrasos salariais grandes, de três a sete meses”, projeta.

Omitir tais débitos é prática antiga e que já gerou multas ao clube. Uma devassa realizada no clube pela Receita Federal, em 2008, fiscalizou as práticas contábeis do Tricolor entre 1998 e 2008. Condutas consideradas ilegais no período, como o pagamento aos atletas em direito de imagem, renderam ao Paraná multa em torno de R$ 10 milhões.

“A Receita [Federal] multou o Paraná por ter práticas contábeis em desacordo. Uma auditoria ficou dentro do clube durante seis meses e nos rendeu essa grande multa, que acabamos jogando no Refis”, explica Aurival Correia, presidente do clube entre 2008 e 2009, referindo-se ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis), que possibilitava ao Tricolor parcelar débitos com a própria Receita.

“A gente estava pagando certinho o Refis e aí descobriram que em tal ano não foi pago e perdemos o Refis”, prossegue Aurival. A saída do programa em 2009 alavancou a dívida de R$ 11 milhões em 2008, para R$ 23 milhões, de acordo com o demonstrativo do ano seguinte.

Em 2010, o Paraná começou a colocar nos balanços anuais valores de contas ajuizadas. Com as novas disposições, entre 2010 e 2012 o débito tricolor multiplicou de R$ 29 milhões para R$ 45 milhões. “Até 2010, o clube não reconhecia no balanço alguns valores que o [departamento] Jurídico considerava como ações de perda provável. Em 2011 e 2012, fizemos este contingenciamento”, explica Celso Bittencourt, ex-superintendente de futebol do clube entre 2011 e 2014.

Entre os valores que antes não constavam, estava, por exemplo, o da ação movida pelo empresário Leo Rabello, por causa de negociação de Thiago Neves em 2009 e que já ultrapassa R$ 30 milhões.

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