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O difícil, vocês sabem, não é fácil. Dirigir um time de futebol é uma faca de dois legumes. Porém, somente quem teve uma infantilidade muito dura, sabe que depois da tempestade vem a ambulância. Tudo se ajeita num clube e o primeiro passo é realizar uma anestesia geral para quem estiver com a mensalidade atrasada. Afinal, o jogo só termina quando acaba...

Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians, divertia amigos e desafetos com suas frases carregadas de imperfeições – havia quem garantisse que eram propositais –, mas dirigia o clube com seriedade e sem interesses paralelos. Era amado pelos torcedores, e respeitado pelos adversários. Foi pródigo em pérolas e bom humor.

Sexta-feira 13 é um dia como outro qualquer, não fosse o tiroteio de acusações, denúncias e protestos no futebol e na política. As ruas e os estádios estão cheios de rancor e ódio. Falta-nos bom humor. Quando penso em Hélio Alves, Munir, Jofre, Neves, William Sade, Machado Neto, me dá saudades.

Vivemos uma época de intolerância. De radicalismo àquele que pensa diferente. Não há equilíbrio, bom senso, acordo. A gestão atual do Atlético é medalha de ouro neste quesito. As alas do Paraná Clube se imiscuem num ego destrutivo. A Federação Paranaense de Futebol se fecha como ostra. Não existe diálogo, há diatribes. E o bobo da corte somos nós, torcedores.

Tudo fica mais leve com bom humor. A charge de um jornal, a resposta engraçada de um jogador, a ironia fina entre cartolas. Evangelino Neves e Lauro Rego Barros, apesar da rivalidade entre os clubes, eram amigos.

Quando Zé Roberto deixou o Rubro-Negro e assinou contrato com o Coritiba, os dois presidentes se encontraram: “Chinês [apelido carinhoso de Neves], esse menino vai te incomodar muito durante a semana”. “Eu sei disso Lauro, mas domingo [de Atletiba] quem vai se incomodar com ele é você”. Lauro e Evangelino se abraçaram e riram.

O humor de hoje é chato ou agressivo. Antes era Chaplin, hoje é Mr. Bean. Tínhamos Golias e Chico Anísio, hoje Tiririca e Zorra Total. Antes o Millôr, hoje o Jabor. Não há bom humor e se estende a rabugice para muitos segmentos. O Papa Francisco, felizmente, é uma exceção, seguindo a linha de Madre Teresa de Calcutá: “Pior defeito? O mau humor”.

O esporte precisa de gente séria, mas com senso de humor. Seja na política interna do Paraná Clube, nos bastidores do Atlético, ou nas eleições da Federação. E, caso a votação seja confirmada, que os presidentes de clubes e ligas, sigam o conselho do folclórico e saudoso Vicente Matheus: “Compareçam às urnas para naufragar suas chapas”.

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