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Em 1995, Luxemburgo deixou  o Palmeiras, onde havia conquistado o bi brasileiro, para comandar o Paraná | Arquivo Gazeta do Povo
Em 1995, Luxemburgo deixou o Palmeiras, onde havia conquistado o bi brasileiro, para comandar o Paraná| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O Paraná vive hoje uma realidade bem diferente dos primeiros anos de sua existência. Se atualmente o atraso no pagamento de salários de jogadores e funcionários é uma realidade, na década de 90 o Tricolor era uma ilha de prosperidade não só no futebol paranaense, mas em termos nacionais. Jogadores e técnicos se ofereciam ao Tricolor, sabendo que o pagamento não só era feito em dia, mas, muitas vezes, em dólar.

Relembre a época de fartura na Vila Capanema, quando salário atrasado era algo inimaginável:

Salário em dólar

“Era uma coisa de louco isso aqui. A gente recebia em dólar. Dó-lar”, faz questão de ressaltar Londre Seixas, ex-massagista e atual administrador da Vila Capanema. A visão de atletas e funcionários recebendo em dólar — e em dia — os salários no Paraná é quase inimaginável em 2015. Mas o relato daqueles que viveram a pujança dos primórdios paranistas não deixa o passado cair no esquecimento.

Técnicos de ponta

Marcelo Oliveira, bicampeão nacional pelo Cruzeiro, deixa a equipe mineira e assina com o Paraná. O cenário, surreal em 2015, se concretizou em 1995. Vanderlei Luxemburgo (na época ainda Wanderley) era o atual bicampeão nacional com o Palmeiras. Seduzido pelo Tricolor, deixou o Palestra Itália e aportou no Durival Britto. Não obteve sucesso, mas ficou marcado como o símbolo da época de ostentação do Paraná.

Além dele, passaram pelo clube outros figurões, como Rubens Minelli, Otacílio Gonçalves, Antônio Lopes e Sebastião Lazaroni.

Contas em dia

“Antes, se você falasse de atraso, todo mundo corria para não sair na imprensa. Acho que perderam a vergonha agora”, afirma Londre Seixas, administrador da Vila Capanema. A história atual é oposta.

“Hoje tem funcionário que ganha R$ 800 por mês e está há três meses sem receber. Mas eles [diretoria] não têm da onde tirar [o dinheiro]”, complementa Seixas. “Se a gente vai na Kennedy cobrar, fica sentada horas. Ninguém atende”, confirma a auxiliar de serviços gerais Maria Faride.

Bichos

“Teve uma época em que a gente nem mexia no salário. Dava pra viver das premiações”, narra Orlando Ribeiro, ex-massagista e atualmente porteiro da Vila Olímpica do Boqueirão. “Coisa mais boa do mundo era trabalhar aqui. O time, o clube, tudo. Olha isso agora”, disse Ribeiro, apontando para as piscinas vazias e ocupadas pelo mato na sede do Boqueirão.

“Tem gente que brinca que eu comprei até casa com o que ganhei de ‘bicho’. Não é bem assim. Mas que ajudou, ajudou”, conta Londre Seixas. “Teve um jogo contra o Coritiba que prometeram US$ 400 se ganhássemos. No final, pagaram US $800”, revela.

Todos queriam jogar no Tricolor

A resposta é comum quando se pergunta para ex-jogadores e técnicos que atuaram no Paraná nos anos 90 como era a vida no Tricolor. Situação praticamente impensável hoje, jogadores de clubes rivais, seduzidos por altos salários, trocavam de endereço na capital tão logo analisavam as propostas do Paraná.

Um exemplo é o volante Hélcio, que, em 1993, quando era considerado a grande promessa da base do Coritiba, trocou o Alto da Glória pela Vila Capanema, onde se tornou ídolo.

“Todos meus amigos do futebol ligavam para ver se tinha uma vaga no Paraná”, conta o ídolo Saulo. “O Paraná iniciou com tanta tradição que, na época, recusei propostas de clubes como o Flamengo para ficar aqui”, revela o maior artilheiro da história do clube, com 104 gols.

“Ofereciam jogadores todos os dias. Os próprios jogadores ligavam se oferecendo, dizendo que estavam livres”, confirma o ex-treinador Otacílio Gonçalves. “As coisas funcionavam perfeitamente. Até o salário caía antecipado na conta, às vezes”, completa o Chapinha, como é conhecido no meio do futebol.

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