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Segun Toriola: marca histórica no tênis de mesa. | Juan Mabromata/AFP
Segun Toriola: marca histórica no tênis de mesa.| Foto: Juan Mabromata/AFP

O pavilhão 3 do Riocentro, próximo ao Parque Olímpico, possui 28 pontos de treinamento para os mesa-tenistas. É difícil olhar ao redor e não visualizar pelo menos um competidor de ‘olho puxado’. Os asiáticos e descendentes dominam a prática da modalidade. No entanto, entre todos no Rio, ninguém está mais acostumado ao popular ping-pong do que um nigeriano, bem fora do estereótipo ligado ao esporte.

Segun Toriola, 41 anos, participa dos Jogos pela sétima vez. A estreia foi em Barcelona-1992, quando ainda era um adolescente de 17 anos. No continente consagrado pelo atletismo, coube ao esportista das pequenas raquetes assumir o título de africano com mais participações em Olimpíada.

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Olimpíada ou campeonato chinês?

A China é amplamente soberana no tênis de mesa. Das 28 medalhas de ouro disputadas desde Seul-1988, quando a modalidade entrou no programa olímpico, 24 são chinesas. Por ser a grande potência no esporte, a briga por uma vaga na equipe nacional é acirradíssima, o que leva vários jogadores a se naturalizarem por outros países para terem a chance de disputar os Jogos.

Os números na Rio-2016 impressionam. São 172 competidores na disputa e 30 são chineses de nascimento que defendem outros países. Além disso, há os seis que defendem a própria China, ou seja, 20% dos postulantes à medalha são do país.

Existem atletas defendendo Espanha, Canadá, Estados Unidos, Congo, Alemanha, Holanda, Portugal etc. O Brasil também colabora para a conta. A chinesa Gui Lin se naturalizou brasileira com 18 anos e já defendeu a bandeira verde-amarela nos últimos Jogos de Londres.

Caçula entre nove irmãos, o nigeriano conheceu o esporte dentro de casa. O pai era um apaixonado por tênis de mesa e levou a prática para todos os filhos. O lar virou um local de aprendizado e, até chamar atenção em competições de juniores, Toriola nunca havia frequentado um clube de treinamento.

Depois que o jogo virou coisa séria, o talento aflorou de vez e o atleta da Nigéria tornou-se soberano no continente. Conquistou sete títulos africanos e por dez anos ininterruptos, entre 1998 e 2008, foi o competidor da África em melhor posição no ranking mundial. Em Pequim-2008, obteve seu melhor resultado olímpico: alcançou as oitavas de final derrotando no caminho dois ex-números 1 do mundo.

Na Rio-2016, Toriola estreou com vitória por 4 sets a 2 diante do tcheco Dmitrij Prokopkov. Neste domingo (7), na segunda rodada, ele encara o japonês Koki Niwa. Independentemente da classificação ou não, ele espera que sua trajetória sirva de inspiração para o surgimento de mais praticantes em seu país.

“Ser o africano com mais Olimpíadas significa muito para mim. É importante para os nigerianos e para os mesa-tenistas mais jovens, que estão começando. Eles estão falando sobre essa marca. É um incentivo para eles”, declara.

O nigeriano reconhece que os Jogos Olímpicos no Brasil tendem a ser o último da carreira, mas por que não sonhar com Tóquio-2020? “É natural que no Rio seja o final. Não estou ficando mais jovem. Depende do meu rendimento. Mas eu amo tanto esse jogo, tenho paixão e largar é muito difícil”.

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