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O remo é uma das provas marcadas para a Baía de Guanabara. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
O remo é uma das provas marcadas para a Baía de Guanabara.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Baía de Guanabara que será entregue aos velejadores é bem diferente daquela prometida quando, em 2009, o Rio conquistou o direito de sediar a Olimpíada. Neste período, os índices de coleta e tratamento de esgoto melhoraram, mas ainda estão distantes da meta de 80% anunciada pelas autoridades — e não há mais tempo hábil para que o objetivo seja alcançado, como o governador Luiz Fernando Pezão já admitiu. São 16 municípios no entorno da baía, e quatro deles não tratam nenhuma parcela do esgoto coletado, segundo os dados mais recentes do Ministério das Cidades: Cachoeiras de Macacu, Magé, Nilópolis e São João de Meriti. A exceção é Niterói, onde a rede alcança quase toda a cidade, e 100% do esgoto é tratado.

Um relatório produzido em julho, já nas mãos do Comitê Olímpico Internacional (COI), aponta o principal risco para os atletas durante os Jogos: o lixo flutuante. A Secretaria estadual de Ambiente admite que a presença de detritos é a maior preocupação para as Olimpíadas, contrariando o discurso adotado pelas autoridades na época da candidatura. Para isso, o governo tem duas apostas, e diz que espera reduzir em 95% a quantidade de lixo: as ecobarreiras e os ecobarcos. Hoje, há cinco estruturas instaladas na foz de rios que deságuam na baía — serão 17 até agosto de 2016. Já os dez ecobarcos, que ficaram quatro meses parados por falta de pagamento do governo do estado, voltaram a operar em julho. No fim do mês, a Secretaria assinou um contrato de R$ 629 mil com a Pro Oceano, que vai gerenciar o sistema. Segundo o governo estadual, a empresa vai usar softwares com capacidade de prever os pontos com mais concentração de lixo.

Obra só ficará pronta depois dos Jogos

Cartão-postal do Rio, a Baía de Guanabara virou o grande calo da organização dos Jogos.Albari Rosa/Gazeta do Povo

A mesma análise entregue ao COI atesta que a qualidade da água nos pontos de saída dos barcos para as raias de competição “frequentemente não obedecem aos padrões nacionais e internacionais”. Para o evento-teste, que começa dia 15, o governo vai usar biorremediação, um processo químico em que microrganismos combatem bactérias. Já para a competição olímpica, o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, garante que a técnica não será necessária, porque a construção da galeria de cintura da Marina da Glória resolverá o problema. Segundo ele, a obra que vai desviar o esgoto para o emissário submarino de Ipanema ficará pronta até janeiro.

“Hoje, apenas uma das cinco raias olímpicas (a mais próxima à Marina da Glória) não tem boas condições”, diz o secretário.

Uma fonte envolvida na organização da Olimpíada afirma que o ritmo de construção da galeria de cintura está aquém do desejado — um pouco mais de 30% de conclusão, contra cerca de 60% previsto no planejamento para este período. A Cedae nega atrasos na obra feita pela construtora Cesan, ao custo de R$ 13,8 milhões. A empresa também é responsável por obras de saneamento na Praia de São Conrado. As intervenções deveriam ter terminado no primeiro semestre de 2014, mas o cronograma foi empurrado para o fim de 2015.

Já a construção do tronco coletor Cidade Nova (R$ 81,4 milhões) enfrentou problemas e não deverá acabar até os Jogos. Oficialmente, a Autoridade Pública Olímpica trabalha com o terceiro trimestre de 2016 como prazo de conclusão, mas um impasse judicial envolvendo empresas que disputaram a licitação fez com que a obra, com prazo de 18 meses, começasse em julho, empurrando o término para o fim do ano que vem. O empreendimento deverá diminuir em mil litros por segundo o lançamento de esgoto in natura na baía.

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