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O tom de amarelo na camisa está diferente, mas o rosto e a voz no gramado do estádio Rasunda, em Estocolmo, são inconfundíveis: "Eu me lembro de tudo", disse Pelé a jornalistas de volta ao palco da sua primeira grande conquista com a seleção.

Aos 17 anos, Pelé foi o destaque na vitória de 5 x 2 sobre os anfitriões suecos na final da Copa de 1958. Os dois times fazem um amistoso na quarta-feira, na última partida de seleções no Rasunda, que será demolido. Jogadores remanescentes da Copa de 1958 estarão presentes para a festa.

"A maior lembrança de estar aqui é que o Brasil era desconhecido até ganharmos a Copa do Mundo", disse Pelé vestindo uma camisa amarela - mas a da Suécia, com o número 58, e não a 10 canarinha que o consagrou.

"Ainda está vivo, esse sentimento de ajudar o Brasil. O Brasil começou aqui. Antes de 1958, ninguém conhecia o Brasil - até o nome na bandeira estava errado, e o Zagallo pediu para consertarem. Chegamos a Hindas, onde o time estava sediado, e ninguém sabia o que era o Brasil."

Isso mudou quando Pelé marcou três gols na semifinal contra a França, e outros dois na final contra a Suécia, conquistando os corações de torcedores do mundo todo. "O Brasil estava jogando tão bem em alguns jogos que todo mundo aplaudia o Brasil", disse Pelé.

O ex-ponta-direito sueco Kurt Hamrin, 77, contou que já se esqueceu de muita coisa daquele jogo, mas não do seu equivalente no time brasileiro: Garrincha.

"Eu me lembro de Garrincha fazendo dois cruzamentos naquele jogo e em geral fazendo todas as coisas em que ele era ótimo - ele foi sem dúvida o melhor ponta-direita do mundo."

Mazzola, colega de Pelé naquele time, disse à Reuters que naquela época a seleção sofria bem menos pressão do que hoje.

"Quando saímos do Brasil ninguém acreditava em nós, e eu me lembro que até a semifinal ninguém acreditava em nós. Isso deu mais tranquilidade para os jogadores atuarem sem pressão para vencerem a Copa do Mundo. Hoje o Brasil não pode perder - naquela época não havia essa pressão, chegamos aqui calmos, e ganhamos."

Num exemplo do que Mazzola diz, a seleção brasileira foi duramente criticada depois de perder no sábado a final olímpica contra o México, adiando novamente a conquista da inédita medalha de ouro.

E essa pressão deve atingir níveis inéditos na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016, ambas no Brasil.

Novo estádio

O Rasunda será demolido ao final da atual temporada do futebol sueco, em novembro. O novo estádio nacional, a Friends Arena, em Estocolmo, já está quase concluída, e será inaugurada num jogo contra a Inglaterra, no mesmo mês.

Pelé disse que, mesmo demolido, o Rasunda continuará sendo parte da história brasileira, e que a federação local prometeu à CBF alguns objetos da antiga arena.

"Desse jeito, para os brasileiros, ele nunca vai morrer", afirmou Pelé.

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