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Além do legado esportivo, a Olimpíada também está gerando oportunidades de trabalho para pequenas e microempresas e produtores artesanais. Em 2013, o comitê organizador procurou o Sebrae para ajudar a incluir pequenos produtores no fornecimento de materiais. “A ideia é que fornecedores com esse perfil se certifiquem e, depois dos Jogos, tenham qualificação para participar de outras licitações”, explica a gerente geral de Sustentabilidade, Acessibilidade e Legado do Comitê Rio-2016, Tania Braga.

O projeto Nêga Rosa, que atua no morro da Mangueira e entorno, é uma das associações que se credenciou a participar do fornecimento há dois meses. A partir do trabalho de 120 mulheres de baixa escolaridade, 29 delas egressas do sistema penitenciário e 20 portadoras de câncer, o projeto vai fornecer 5,2 mil das 22,7 mil almofadas que os atletas usarão na Vila Olímpica. Por causa da Olimpíada, a produção do projeto vai aumentar 40% e a renda das costureiras subir de R$ 400 para aproximadamente R$ 1.500.

“Isso representa muito para essas mulheres, já que perto de 90 delas sustentam seus filhos sozinhos, sem a ajuda de companheiros”, argumenta a gestora de projetos do Nêga Rosa, Erica Portilho.

Kely Maria Silva, 48 anos, já sabe o que vai fazer com a renda extra: dedicar mais tempo para o lazer da família. “Quero levar mais meu neto para passear, ir no cinema, no shopping e também almoçar mais vezes fora com meu marido e meus filhos. É muito bom saber que a gente trabalha para poder fazer isso”, afirma Kely, uma da integrantes mais antigas do projeto.

As peças seguem a padronização do Comitê Rio-2016 em termos de cores. Entretanto, as costureiras têm liberdade para criar o desenho que vai estar em uma das faces da almofada – no caso da Nêga Rosa, com elementos da cultura afro-brasileira. Na outra, haverá um texto explicando o projeto para que os atletas conheçam a iniciativa.

Jurema da Silva, 55 anos, desempregada há 15, promete não desgrudar os olhos da televisão durante a Olimpíada. Além de acompanhar as competiçõe, vai estar atenta se algum atleta não vai aparecer levando para casa de lembrança a almofada que fez. “Já pensou se aparece um atleta com a almofada que eu fiz? Vai ser um orgulho muito grande”, afirma Jurema, que tem a preferência por um em especial: o ponta da seleção de vôlei Lucarelli. “Além de ser um rapaz dedicado, ele é muito lindo”, revela.

Mas para tentar encontrar sua almofada na televisão, Jurema terá de providenciar um novo par de óculos, que não troca desde 1996. “Com o dinheiro das almofadas, vou comprar um novo”, promete. (MXV)

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