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Centenas de pessoas em centro urbano no Japão. | Pixabay
Centenas de pessoas em centro urbano no Japão.| Foto: Pixabay

Durante milhares de anos, controle populacional foi sinônimo de violência. Guerras, fome, doenças e genocídio serviram como as forças principais que a natureza e o estado manejaram para limitar a expansão da pegada humana no mundo. No entanto, avanços médicos e culturais, como a disponibilidade de métodos contraceptivos e a liberação das mulheres mudaram significativamente as conversas acerca da ética da expansão populacional e dos meios disponíveis de freá-la. 

Medos de crescimento populacional 

No seu livro de 1968, “The Population Bomb” (“A Bomba Populacional”, em tradução livre), o bioeticista Paul Ehrlich descreveu um cenário apocalíptico com previsões de que a população mundial aumentaria até um ponto em que os recursos naturais seriam consumidos, causando grandes transtornos em todo o mundo. Atualmente, o pesquisador Travis Rieder, do Berman Institute of Bioethics, defende que os seres humanos têm uma responsabilidade moral em limitar o nascimento de crianças para proteger a estabilidade ambiental do nosso planeta. 

Na NBC News, ele escreve:

“Eu certamente não estou dizendo que deveríamos constranger os pais, ou até mesmo que somos obrigados a ter certo número de filhos. Como eu disse em outra ocasião, eu não acredito que exista uma resposta exata para as questões desafiadoras da ética procriadora. Mas isso não significa que estamos moralmente perdoados”. 

Rieder conectou efetivamente um tema padrão da moralidade e o direito de um indivíduo usar o próprio corpo do modo que achar mais apropriado. A pesquisa científica é um modo de testar e apresentar evidências. A moralidade é um sistema de imperativos criado para controlar a ação humana. Muitos problemas existem com esse tipo de imperativo moral associado à hipótese científica. Rieder deve, não apenas provar essa relação sem uma sombra de dúvidas, mas também provar que a sua solução é a única opção moral a ser seguida. 

Ao longo dos últimos 40 anos, a comunidade científica discorreu sobre o impacto do resfriamento global e o aquecimento global como um cenário apocalíptico para o nosso planeta. Apesar de ser difícil de argumentar que as mudanças ambientais ocorreram ao longo de muitos milênios, é difícil relacionar isso a uma ação humana específica. Em uma refutação direta da preocupação de Ehrich e Rieder sobre uma bomba populacional, de acordo com o Censo dos EUA, desde 1950, a taxa de repopulação do mundo diminuiu de uma taxa de 1,5%, abaixo da taxa necessária de manutenção populacional, para uma taxa projetada de 0,5% até 2050. 

A atitude alarmista de pesquisadores em busca de uma relação entre as taxas de repopulação humana e o impacto global é equivocada e ingênua. No The Guardian, foi divulgado um alerta diferente acerca das taxas de natalidade em países europeus. Em 2015, a taxa de repopulação da Espanha caiu para 1,27%, enquanto a taxa de repopulação geral para a Europa hoje está próxima de 1,55%. Para Rieder e Ehrlich, a menos que o extermínio total da população humana seja o método final para alcançar a menor pegada de carbono, não apenas pareceria que os seres humanos seriam responsáveis pela redução da nossa população voluntariamente, mas também levantaria a questão de quem decidirá o número correto de seres humanos povoando a Terra. 

Restrições populacionais centralizadas 

Políticas como a ordem de apenas um filho na China, eliminada em 2015, levaram a inúmeras consequências não planejadas, como abortos forçados e um número estimado de 30 milhões de homens solteiros que não encontram companheiras jovens. 

Genocídios perpetrados na Europa durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, incluindo o Holocausto e os gulags de Stalin, impactaram o crescimento econômico de países como a Alemanha e a Rússia após as guerras. Restrições centralizadas de crescimento populacionais têm, em toda instância, produzido impactos negativos tanto na economia quanto na sociedade. 

O que Rieder e Ehrlich descontam como uma solução potencial para mudanças ambientais é uma confiança na ingenuidade e empreendedorismo humanos para resolver esses problemas. O uso de carruagens era potencialmente o maior impacto para as emissões de gases do efeito estufa até 1910. A invenção do automóvel resolveu esse problema de modo mais efetivo do que qualquer legislação municipal sobre como e onde eliminar resíduos. Há inúmeros exemplos disso, incluindo a invenção da lâmpada, o carro elétrico e tecnologias de uso eficiente de energia.

Sempre que a raça humana encontra um problema social ou cria uma nova invenção que muda a história, os empreendedores, não o governo, lidam de modo mais eficaz com as implicações da mudança. 

A reprodução humana não é um problema ambiental, nem moral, se buscarmos novos meios de reduzir a nossa pegada de carbono por meio de inovação. Encadear um conjunto hipotético e não verificável de causas que impactam algo tão essencial quanto a reprodução humana, enquanto restringimos investimentos e pesquisa em fontes alternativas de energia, é uma abordagem equivocada para a resolução de um problema pequeno enquanto ignora problemas maiores e mais diretos. 

É importante permitir que os seres humanos sejam livres para se reproduzirem, estimulando empreendedores e cientistas para encontrarem novos meios de ajudarem o nosso planeta com sabedoria. Em vez de depender do governo para regular o crescimento, criaremos uma sociedade com responsabilidade moral e social, enquanto buscamos novos meios para incentivar a raça humana a crescer de modo sustentável. 

John Bianchi é profissional de marketing e líder regional na America's Future Foundation em Raleigh. É possível acompanhar seus artigos no Medium: https://medium.com/@johnmbianchi21.

Este artigo foi publicado originalmente no site da Foundation for Economic Education

Tradução de Andressa Muniz

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