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Estudantes afegãos feridos durante ataque em Cabul | Wakil Kohsar/AFP
Estudantes afegãos feridos durante ataque em Cabul| Foto: Wakil Kohsar/AFP

Ao menos 12 pessoas - sete estudantes, dois guardas e três policiais - morreram durante um ataque contra a Universidade Americana em Cabul, que durou mais de dez horas e durante o qual os estudantes fizeram comoventes pedidos de ajuda.

“Sete estudantes, um guarda da universidade e outro de um estabelecimento vizinho para surdos morreram”, disse à AFP o porta-voz Sediq Sediqqi, acrescentando que três policiais também perderam a vida no que seria uma ofensiva coordenada pelo grupo extremista Talibã. Um total de 45 pessoas ficaram feridas, acrescentaram as fontes. Um balanço anterior citava nove mortos e 30 feridos.

Mais cedo havia sido informado que tropas especiais entraram na Universidade e mataram dois criminosos.

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O ataque começou na noite de quarta-feira (24) com a explosão de um carro-bomba em frente à Universidade Americana do Afeganistão (AUAF). Imediatamente dezenas de soldados cercaram o centro de estudos e entraram em busca de criminosos e eventuais reféns.

“Terminamos a operação. Dois criminosos foram abatidos”, explicou à AFP nesta quinta-feira (25) ao amanhecer o chefe da polícia judicial de Cabul, Fraidoun Obaidi.

Centenas de estudantes ficaram presos no ataque - a universidade costuma estar lotada à noite com os jovens que trabalham durante o dia e estudam à noite - e foram liberados progressivamente durante a madrugada, de acordo com informações da imprensa.

“Estamos presos em uma sala de aula (...) Ouvi explosões, disparos perto daqui. Nossa sala de aula está cheia de fumaça e poeira, estamos presos no interior e temos muito medo”, afirmou por telefone à AFP um estudante.

Outros estudantes da Universidade Americana do Afeganistão (AUAF) postaram várias mensagens de desespero no Twitter. Entre eles Massud Hossaini, fotojornalista da Associated Press e ganhador do prêmio Pulitzer.

A universidade “atacada. Com amigos escapamos, mas muitos outros companheiros e professores estão bloqueados lá dentro”, tuitou o fotojornalista.

“Muitos estudantes foram evacuados”, indicou o porta-voz do ministério do Interior, Sediq Sediqqi, ao informar que “forças especiais começaram as operações de limpeza”.

Conselheiros militares, membros da coalizão internacional dirigida pelos americanos, ajudaram de noite as forças afegãs a enfrentar este ataque, segundo um responsável americano de Defesa.

A Universidade Americana do Afeganistão começou a funcionar em 2006 e conta atualmente com 1,7 mil alunos.

A universidade, que tem intercâmbio com as universidades de Georgetown e Stanford, entre outras, se apresenta como “a única universidade particular, sem fins lucrativos, apartidária e mista do Afeganistão”,república islâmica onde homens e mulheres estão, comumente, separados.

Ofensiva talibã

O ataque ocorre duas semanas após o sequestro de dois professores desta universidade privada, um americano e outro australiano, cujo paradeiro é ignorado. Coincidentemente, os talibãs também lançaram um ofensiva contra o governo afegão, apoiado pelo Ocidente, e multiplicaram os atentados em todo o país.

Os rebeldes ameaçam atualmente a cidade de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, defendida por tropas leais a Cabul com o apoio americano.

Helmand é uma das regiões onde mais de produz papoula, base do ópio, fonte de financiamento da revolta talibã. Milhares de civis fugiram dos combates nesta região nas últimas semanas, gerando uma crise humanitária pela falta de alimentos e água.

Os talibãs também ameaçam outra capital provincial, Kunduz, ponto estratégico no norte do país e que ocuparam de forma efêmera no ano passado, no que constituiu sua maior vitória militar desde que foram desalojados do poder pela invasão de tropas ocidentais em 2001.

As forças da coalizão internacional afirmam que nenhuma das duas cidades, Kunduz ou Lashkar Gah, correm o risco de cair nas mãos dos talibãs.

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