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O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton fez uma visita inesperada à Coreia do Norte nesta terça-feira para tentar obter a libertação de duas jornalistas norte-americanas presas no país e se reuniu com o líder norte-coreano, Kim Jong-il, que raramente aparece em público.

Alguns analistas dizem que a visita, que autoridades dos EUA insistem tratar-se de uma iniciativa particular, poderá marcar o retorno desse isolado país às conversações sobre armas nucleares.

A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA informou que Clinton jantou com Kim e lhe transmitiu verbalmente uma mensagem do presidente dos EUA, Barack Obama, mas não foram divulgados mais detalhes. O governo norte-americano afirmou que não enviou nenhuma mensagem através de Clinton.

"Kim Jong Il expressou agradecimento por isso", disse a KCNA, referindo-se à mensagem. "Ele deu boas-vindas a Clinton por sua visita à DPRK (Coreia do Norte) e manteve uma exaustiva conversa com ele. Houve uma ampla troca de opiniões em assuntos de interesse mútuo."

A Casa Branca também pareceu minimizar especulações sobre um possível avanço nas relações entre os dois países ao caracterizar a viagem de Clinton como privada.

"Enquanto esta missão particular para obter a libertação de duas americanas estiver em andamento, não teremos nada a comentar. Nós não queremos pôr em perigo o sucesso da missão do ex-presidente Clinton", afirmou o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs, em comunicado.

A viagem de Clinton acontece após meses de provocações militares por parte da empobrecida Coreia do Norte, que virou as costas para as negociações com potências regionais, incluindo os EUA e a China, e decidiu manter seus planos de construir um arsenal atômico.

A KCNA disse que o principal negociador nuclear do país, Kim Kye-gwan, estava entre as autoridades que receberam Clinton -- cujo governo teria considerado atacar a planta atômica norte-coreana de Yongbyon no início dos anos 1990.

Imagens de televisão mostraram Clinton, vestido de preto, cumprimentando firmemente um oficial. Ele pareceu menos sério quando uma menina vestida com roupas tradicionais entregou flores, antes de ele entrar numa limousine preta.

"Assim que ele chegar, participará de negociações com o Norte para a libertação das jornalistas," disse uma fonte à agência de notícias sul-coreana Yonhap.

12 Anos de Trabalho

As duas jornalistas -- Euna Lee e Laura Ling, da Current TV, co-fundada pelo vice-presidente de Clinton, Al Gore -- foram presas na fronteira da Coreia do Norte com a China em março, acusadas de entrar ilegalmente no país e por serem "propensas a difamação."

Um tribunal norte-coreano sentenciou cada uma no mês passado a 12 anos de trabalho duro, pelo que considerou crimes graves.

Muitos analistas afirmaram que Pyongyang pode usar as jornalistas como moeda de troca com Washington, que liderou a pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU para aumentar as sanções sobre a Coréia do Norte após um teste nuclear em maio.

Em Washington, o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, disse à TV NBC que não está claro se Clinton foi autorizado a discutir questões políticas.

"Seria bom se isto for a base para um relacionamento melhor", afirmou Graham, que é um integrante importante do Comitê das Forças Armadas do Senado.

"Se ele pôde se reunir com os norte-coreanos e lhes transmitir uma mensagem do governo e do Congresso para que seja mais razoável quando se trata da checagem de seu programa nuclear e do abandono do desenvolvimento de armas nucleares, isso seria uma coisa boa."

É a segunda vez que um ex-presidente dos EUA se dirige à Coreia do Norte para tentar desarmar uma crise. O ex-presidente Jimmi Carter esteve lá em 1994 quando as tensões estavam elevadas, também por causa do programa de armas nucleares do país.

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