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Face ao agravamento da crise humanitária no Iraque – que atingiu, na semana passada, a mais alta posição no ranking emergencial da ONU –, as autoridades daquele país receberam com entusiasmo a decisão dos EUA em conduzir ataques aéreos contra forças do Estado Islâmico (EI). Todavia, se conduzidos de maneira isolada, os bombardeios estratégicos americanos pouco contribuirão para a resolução do problema.

Ataques aéreos constituem um método de guerra superestimado pela doutrina militar estadunidense. Embora apresentem vantagens como a preservação da vida de soldados e os efeitos psicológicos que a natureza pirotécnica exerce sobre combatentes inimigos, a utilidade no campo de batalha será sempre proporcional ao valor estratégico dos alvos aos quais são direcionados. Por outras palavras, bombardeios são muito eficazes, por exemplo, para cortar as linhas de abastecimento logístico das forças inimigas, mas dificilmente poderão, isoladamente, garantir a vitória sobre elas.

A utilidade será ainda menor se empregues no combate a forças irregulares que, adotando técnicas de guerrilha, atuam de forma dispersa, e cuja localização em tempo real é sempre difícil de precisar.

Ainda que disponham de ativos em torno de US$ 2 bilhões, entre os quais se incluem equipamentos militares sofisticados, o EI não atua monoliticamente como as forças convencionais estatais, encontrando-se dividido em grupos menores com responsabilidades e objetivos específicos.

Cientes da superioridade aérea das forças que combatem, adotam estratégia em suspendem o expansionismo em nome da defesa dos territórios conquistados.

Embora os ataques aéreos possam contribuir para a subjugação do EI, a vitória sobre o grupo militante pressupõe, obrigatoriamente, uma campanha militar terrestre credível, que não apenas derrote os militantes, mas que ocupe o vácuo de poder que eles venham a deixar – garantindo às populações locais uma efetiva sensação de segurança que não pode ser proporcionada por nenhuma força aérea.

Estando o exército iraquiano completamente desmoralizado, as forças curdas mal equipadas e o governo americano decidido a evitar os custos humanos e políticos inerentes à alocação de "botas no solo", aquela ofensiva terrestre pode não ocorrer. Sem ela, todas as demais iniciativas serão infrutíferas.

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