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O Chile rejeitou, nesta segunda-feira, a intervenção da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) no conflito entre o país e o Peru. O presidente peruano, Alan García, acusou o governo vizinho por suposta espionagem de um suboficial peruano em favor de Santiago.

A porta-voz oficial Carolina Tohá disse que a denúncia peruana "é um assunto bilateral". "A Unasul tem uma agenda que obviamente não contempla esse tema e ele é estritamente bilateral, e a nós parece que deve se tratar dessa forma", afirmou a funcionária.

O presidente do Equador, Rafael Correa, presidente temporário da Unasul, disse na semana anterior que enviou cartas a todos seus colegas do grupo, nas quais aludiu "aos conflitos que estão ocorrendo" entre Colômbia e Venezuela, e entre Peru e Chile.

O ministro de Relações Exteriores do Equador, Fander Falconí, demonstrou no fim de semana sua "preocupação ante a delicada situação que atravessam alguns países" da Unasul, e que determinou que se convoque uma reunião extraordinária do Conselho de Defesa da Unasul e dos respectivos chanceleres.

A Unasur é formada por Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

O Chile e o Peru experimentam tensões em suas relações bilaterais pois Lima não reconhece os limites marítimos dos países e denunciou Santiago, em janeiro de 2008, ante a Corte Internacional de Justiça, em Haia, pedindo que o tribunal fixe a fronteira por mar. Para o Chile, esses limites foram estabelecidos em acordos internacionais firmados em 1952 e 1954, que o Peru qualifica apenas como acordos pesqueiros.

A situação piorou há duas semanas, quando García denunciou em Cingapura, na reunião anual do Foro Econômico Ásia-Pacífico (Apec), que o suboficial da Aeronáutica peruana Víctor Ariza espionava para o Chile. As autoridades chilenas negaram a acusação e anunciaram que nesta semana enviarão uma resposta a Lima.

O ministro das Relações Exteriores do Chile, Mariano Fernández, disse em entrevista no domingo a um canal estatal que, se houver alguma pessoa envolvida em atividades de espionagem, ela será sancionada. "Não é legal (a espionagem) no Chile e as instituições do Estado não praticam espionagem", garantiu.

Fernández lembrou que no passado foram descobertos vários espiões peruanos no território chileno. "Antes que eu me tornasse chanceler, fui surpreendido por um funcionário das Forças Armadas do Peru realizando atividades de espionagem na Marinha e então o Chile utilizou um procedimento habitual para evitar escalar as tensões desse tipo: pôs ele na fronteira", afirmou o ministro.

Em Lima, o chanceler peruano José Antonio García Belaúnde disse esperar que "as coisas fiquem mais claras nos próximos dias e tenhamos uma resposta satisfatória do Chile que permita avançar em outros campos de cooperação. Eu aposto nisso e queria pensar que as coisas serão assim".

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