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O ex-presidente dos EUA e atual candidato presidencial republicano Donald Trump ao lado de seu advogado Todd Blanche ao chegar ao Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York
O ex-presidente dos EUA e atual candidato presidencial republicano Donald Trump ao lado de seu advogado Todd Blanche ao chegar ao Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York| Foto: EFE/EPA/YUKI IWAMURA / POOL

A defesa do ex-presidente Donald Trump, acusado de falsificar documentos para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels e assim proteger sua campanha eleitoral de 2016, disse nesta segunda-feira (22) que o republicano é inocente das 34 acusações de fraude e que agiu sob a “égide da democracia".

"Eu tenho um alerta de spoiler: não há nada de errado em tentar influenciar uma eleição. Isso se chama democracia. Eles estão tentando fazer disso algo sinistro", afirmou o advogado Todd Blanche, que abriu hoje o primeiro dia de argumentações iniciais em nome da defesa de Trump.

Blanche alegou que os pagamentos feitos a Michael Cohen, advogado que trabalhou para o ex-presidente até 2017, no valor de US$ 420 mil (R$ 2,1 milhões), foram feitos para remunerar seus "serviços jurídicos” e não para compensá-lo por orquestrar um plano a fim de ocultar informações que poderiam prejudicar o ex-presidente, como afirma a acusação.

Blanche disse ainda que Trump tem direito à presunção de inocência, "algo que alguns de seus críticos perdem de vista", e que a acusação apresentou "uma história muito bonita e simples porque não entende que a figura do ex-presidente transborda a realidade".

O advogado usou essa declaração para criticar Daniels, a quem descreveu como uma pessoa "tendenciosa" que "fez carreira" vendendo seu suposto caso com Trump. Também acusou Cohen, que se declarou culpado em 2018 de acusações federais decorrentes do pagamento, a quem definiu como "obcecado" pelo republicano. "Ele tem um objetivo, uma obsessão em derrubar o presidente Trump. Não se pode confiar nele, garanto a vocês", disse Blanche.

Por fim, o advogado se dirigiu ao júri, pedindo que usasse o "bom senso" ao tomar uma decisão nesse caso, o primeiro julgamento criminal enfrentado por um ex-presidente dos EUA na história do país. "Usem seu bom senso. Nós somos nova-iorquinos. É por isso que estamos aqui. Se vocês fizerem isso, haverá um veredicto de inocente muito rapidamente", afirmou a defesa.

Nesta segunda-feira (22), aconteceu o primeiro dia do julgamento criminal de Donald Trump em Nova York, um dos quatro processos que o republicano enfrenta pelo país. Os 12 participantes do júri acompanharam as primeiras argumentações da acusação e da defesa.

Os promotores chamaram a primeira testemunha para depor contra o ex-presidente: David Pecker, ex-CEO da American Media Inc., ou AMI, empresa controladora do tablóide americano National Enquirer. Segundo a acusação, Pecker teria ajudado Trump durante a campanha de 2016 ao esconder informações negativas sobre ele e atacar seus rivais, na ocasião.

De acordo com a emissora CBS, Pecker testemunhou por menos de30 minutos antes do encerramento do julgamento. Ele retomará o depoimento nesta terça-feira (23), após uma audiência que tratará sobre uma ordem de silêncio que Trump teria descumprido. O ex-presidente pode ser considerado culpado por desacato ao tribunal por desafiar a imposição determinada pelo juiz do caso, Juan Merchan.

Mais cedo, ao chegar no tribunal, o republicano classificou o julgamento como uma "caça às bruxas" e “interferência eleitoral”, como parte de um esforço para mantê-lo fora da campanha eleitoral nas eleições de novembro.

Promotoria faz duras acusações

O vice-procurador dos EUA, Matthew Colangelo, encarregado de fazer as alegações iniciais da acusação no julgamento criminal que Trump enfrenta em Nova York, acusou o ex-presidente americano e chamou o caso de uma trama de "conspiração criminosa e encobrimento".

"O réu orquestrou um esquema criminoso para corromper a eleição de 2016 e, em seguida, encobriu o esquema, mentindo em seus registros de negócios, repetidas vezes", afirmou Colangelo, enquanto o ex-presidente dos EUA balançava a cabeça e optava por não olhá-lo no rosto.

Os promotores acusam o republicano de criar um esquema por meio de seu ex-advogado Michael Cohen, que supostamente fez os pagamentos, e do ex-editor da revista National Enquirer, David Pecker, que pode ter usado seu poder de mídia para tentar encobrir os escândalos de Trump.

Mas Colangelo foi ainda mais longe, dizendo que Trump, Cohen e Pecker se reuniram em 2015 para "ajudar na campanha, eliminando histórias negativas e optando por publicar outras que afetavam rivais internos", como o republicano Ted Cruz.

Isso, de acordo com o relato do procurador assistente dos EUA, é o "núcleo" de um esquema orquestrado por meio da National Enquirer, da qual Pecker era executivo.

Nesse caso, pelo qual se imputa ao ex-presidente 34 acusações que podem lhe custar até quatro anos de prisão, "se disfarçaram pagamentos e se supõe que houve uma interferência eleitoral nas eleições de 2016”, nas quais Trump venceu a democrata Hillary Clinton, segundo Colangelo.

Além disso, Colangelo se referiu a um pagamento de US$ 30 mil que teria sido feito a um ex-expositor da Trump Tower que dizia ter informações de que o ex-presidente tinha um filho ilegítimo, bem como outros que teriam sido feitos para encobrir seus supostos casos com as atrizes pornôs Karen McDougal e Stormy Daniels.

O réu não queria de forma alguma que essa informação sobre Karen McDougal se tornasse pública porque estava preocupado com a eleição", disse o promotor, além de afirmar que o júri ouvirá uma conversa telefônica entre Trump e Cohen sobre o suposto caso com McDougal.

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