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Assim como os planetas em torno do Sol, a grande maioria das estrelas da Via Láctea orbita o centro de nossa galáxia a velocidades moderadas e ficam “presas” a sua gravidade. Algumas poucas, porém, viajam a velocidades tão altas que eventualmente vão escapar de nossa galáxia para passear pela imensidão do espaço intergalático. São as chamadas “estrelas hipervelozes”, e astrônomos acabam de identificar a recordista de velocidade entre elas. Batizada US 708, a fugitiva viaja a impressionantes 1,2 mil quilômetros por segundo, mais de 4,3 milhões de km/h, possivelmente resultado da explosão de uma companheira em supernova.

Até agora, os astrônomos acreditavam que um encontro com o buraco negro supermaciço no centro da Via Láctea era o mecanismo mais provável capaz de dar um impulso tão grande em uma estrela para que ela adquirisse tão altas velocidades. Mas a trajetória da US 708 e uma característica peculiar na sua comparação com outras estrelas hipervelozes conhecidas fizeram os cientistas desconfiarem que no seu caso a explicação teria que ser diferente. É que ela é uma estrela compacta de hélio com alta velocidade de rotação, uma indicação de que ela originalmente fazia parte de um sistema binário ultracompacto, em que duas estrelas orbitam um centro de gravidade comum muito próximas uma da outra.

Uma das configurações básicas de sistemas assim é formada por uma estrela parecida com o Sol, ainda ativa e fundindo seu combustível nuclear de hidrogênio em hélio e assim em diante até o ferro, e uma anã branca, o núcleo superaquecido que resta após uma estrela também parecida com o Sol esgotar seu combustível. Com a proximidade, porém, a anã branca “rouba” material da companheira até atingir uma massa limite que a faz entrar em colapso e explodir em uma supernova do tipo conhecido como Ia. No caso da US 708, a explosão somada à libertação da amarra gravitacional à anã branca agiu como um estilingue e lançou a companheira pela galáxia em alta velocidade.

Para determinar a velocidade da estrela e sua trajetória, os astrônomos liderados por Stephan Geier, pesquisador do Observatório Europeu do Sul (ESO), usaram observações feitas pelos telescópios Keck e Pan-STARRS1, ambos instalados no Havaí. Elas permitiram comparar sua distância e as mudanças em sua posição no céu e assim chegar ao valor do componente tangencial de sua velocidade, isto é, o valor dela enquanto cruza nossa linha de visão.

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