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Líder do partido radical Syriza Alexis Tsipras (à esquerda)cumprimenta o líder do partido conservador Nova Democracia Antonis Samaras, vencedor das eleições, durante reunião em Atenas | REUTERS/Petros Giannakouris/Pool
Líder do partido radical Syriza Alexis Tsipras (à esquerda)cumprimenta o líder do partido conservador Nova Democracia Antonis Samaras, vencedor das eleições, durante reunião em Atenas| Foto: REUTERS/Petros Giannakouris/Pool

O partido conservador Nova Democracia, favorável ao resgate financeiro internacional, ganhou a eleição de domingo na Grécia, mas o bloco radical de esquerda Syriza, contrário ao pacote, comemorou o resultado eleitoral noite adentro, como se fosse o verdadeiro vencedor.

A eleição expôs as profundas divisões da nação a respeito das medidas de austeridade exigidas por credores internacionais em troca de empréstimos totalizando 240 bilhões de euros, para salvar o país da falência.

"Meu maior temor é de uma explosão social", disse um assessor do provável futuro novo premiê grego, Antonis Samaras. "Se não houver mudança na matriz política, teremos uma explosão social mesmo se você trouxer Jesus Cristo para governar este país."

Apurados 99,9% dos votos, o Nova Democracia tinha 29,7% dos votos, 2,7 pontos percentuais à frente do Syriza, que quase duplicou sua votação desde o inconclusivo pleito de 6 de maio.

Somando-se os votos dados a outros partidos contrários ao resgate - do neonazista Aurora Dourada ao marxista-leninista KKE -, 52% dos eleitores apoiaram algum grupo que se opõe ao pacote internacional.

Os primeiros resultados chegaram a dar uma vantagem de meio ponto percentual para o Syriza, mas no decorrer da apuração os conservadores passaram à frente. Pela lei eleitoral grega, ter mais votos na eleição, mesmo por uma estreita margem, é crucial para um partido formar o governo, já que o partido mais votado recebe 50 cadeiras adicionais no Parlamento (em um total de 300).

Mesmo com a virada, a comemoração do Nova Democracia foi discreta. "O que existe para celebrarmos?", perguntou um membro da campanha de Samaras. "Nosso país está em crise profunda."

O Nova Democracia agora precisará convencer o socialista Pasok a participar de uma coalizão que implemente medidas impopulares, como privatizações e cortes de gastos públicos. Pelos termos do pacote internacional, o governo precisa demitir até 150 mil funcionários públicos, cortar 11 bilhões de euros em gastos neste mês, vender várias estatais, melhorar a arrecadação tributária e abrir profissões fechadas à concorrência.

O Nova Democracia e o Pasok, que se alternam no poder há décadas, foram punidos pelo eleitorado no pleito anterior, em maio, e não conseguiram formar uma coalizão, levando à repetição da eleição. Desta vez, o Pasok teve apenas 12,3 por cento dos votos. Os dois partidos pró-resgate chegaram a apenas 40% dos votos, o que não é um mandato forte para impor as medidas de austeridade.

Analistas observaram que o carismático líder do Syriza, Alexis Tsipras, telefonou rapidamente para Samaras admitindo a derrota, aparentemente aliviado por estar livre da pressão de formar um governo e fazer concessões.

"A partir de segunda-feira, vamos continuar a luta", disse Tsipras a seguidores eufóricos, numa praça em frente à universidade de Atenas. "O próximo governo depois desse será de esquerda."

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