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Documento atribuído a Osama Bin Laden, em que ele pediria ataques a alvos americanos | STR/EFE
Documento atribuído a Osama Bin Laden, em que ele pediria ataques a alvos americanos| Foto: STR/EFE

Osama bin Laden estava obcecado em atacar alvos dos Estados Unidos e pressionou grupos filiados à Al Qaeda a resolverem rivalidades locais e se concentrarem na causa, de acordo com documentos que os Estados Unidos dizem ter apreendido no esconderijo de Bin Laden no Paquistão e divulgados nesta quarta-feira (20). As cartas foram encontradas no complexo paquistanês em que o então líder da Al Qaeda se escondia quando foi morto pelas forças especiais americanas em 2011.

Carta de Osama Bin LadenSTR/EFE

Uma carta de julho de 2010, que está entre o material liberado pela inteligência norte-americana, mostrou que Bin Laden pressionou a Al Qaeda no Iêmen, uma das afiliadas mais ativas do grupo, a fazer as pazes com o governo e voltar sua atenção aos Estados Unidos.

Na visão de Bin Laden, a Al Qaeda na Península Arábica (AQAP, na sigla em inglês) deveria assinar uma trégua com as autoridades iemenitas ou chegar a um compromisso de forma que deixassem o grupo à vontade “em troca de se concentrarem na América”.

“O objetivo é se concentrar em atacar dentro da América e alvos de seu interesse no exterior, especialmente países produtores de petróleo, para atiçar a opinião pública e forçar os EUA a se retirarem do Afeganistão e do Iraque”, afirma o sumário de uma carta de um associado de Bin Laden identificado como “Atiyyah”.

O documento diz que o associado recomendou “medidas adicionais de segurança” para Anwar al Awlaki, um pregador radical nascido nos EUA que se tornou um dos principais estrategistas e porta-vozes da AQAP, e também que se deveria exigir que Awlaki “mude seu estilo de vida”.

Bin Laden foi morto em 2011, segundo os EUASTR/EFE

Awlaki atuou como imã em uma mesquita de um subúrbio de Washington, na Virgínia, frequentada por dois militantes que participaram dos atentados de 11 de setembro de 2001. Ele fugiu para o Iêmen após os ataques e foi morto em 2011 em um ataque de drone da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA, na sigla em inglês).

Os 103 documentos divulgados nesta quarta-feira estavam no esconderijo descoberto pelos comandos norte-americanos que invadiram a casa de Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, em 2011, durante a qual o líder terrorista foi morto. A maioria é de cartas familiares e outras trocadas por Bin Laden com outros líderes da Al Qaeda.

Transparência

O Escritório do Diretor Nacional de Inteligência (ODNI) explicou em comunicado que a publicação deste material responde ao pedido do presidente dos EUA, Barack Obama, de “aumentar a transparência” sobre questões relacionadas à segurança nacional.

Além disso, no complexo da cidade paquistanesa de Abbottabad, onde o líder terrorista se escondia, também foram encontrados arquivos digitais em inglês, entre eles vários textos do filósofo e lingüista Noam Chomsky, e documentos do governo americano, além de guias de videogames.

A desclassificação de todo este material foi feita apenas alguns dias depois de ser publicada uma reportagem do jornalista Seymour Hersh, que afirma que Obama mentiu sobre a morte de Bin Laden.

Segundo Obama, a operação das forças especiais dos Navy Seal de 1º de maio de 2011 contra o complexo onde Bin Laden se escondia foi realizado unilateralmente e em segredo.

Já Hersh sustentou em sua investigação, baseada em revelações de um alto oficial da inteligência americana que já está na reserva, que a inteligência paquistanesa (ISI) tinha capturado Bin Laden e o escondia em Abbottabad com a intenção de entregá-lo quando o ponto essencial quid pro quo” fosse mais conveniente para Islamabad.

De acordo com seu relato, tachado de “falso” pela Casa Branca, o governo americano soube da presença de Bin Laden a partir da revelação de um membro do ISI que buscava a recompensa de US$ 25 milhões oferecida por Washington pelo líder terrorista.

O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, o republicano Devin Nunes, destacou em comunicado que esta desclasificação de material sobre a operação contra Bin Laden é “um passo na direção correta”.

Enquanto isso, a ODNI indicou que revisará “centenas de documentos” adicionais para sua possível desclassificação e divulgação. “Todos aqueles documentos cuja publicação não prejudicarão as operações em desenvolvimento contra a Al Qaeda serão divulgados”, antecipou a ODNI.

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