O papa Francisco quebrou o protocolo na manhã desta terça-feira (6) e fez um discurso surpresa durante o terceiro dia do Sínodo dos Bispos sobre a família, no Vaticano, para ressaltar o verdadeiro espírito do encontro. Ele destacou, por exemplo, que a assembleia não serve para promover mudanças em relação ao pensamento sobre o casamento.
“O Santo Padre disse que a doutrina católica sobre o matrimônio não foi tocada e permanece a doutrina que conhecemos. Ele também fez questão de enfatizar que não devemos nos deixar condicionar e reduzir o nosso horizonte de trabalho como se o único problema fosse a comunhão aos divorciados”, relatou o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.
Bispos da América Latina
Ao todo, 10 bispos da América Latina falaram durante as congregações gerais de ontem à tarde e de hoje. De acordo com o que foi exposto durante a coletiva de imprensa, eles trataram da pressão existente para a aprovação de pautas que incluem a ideologia de gênero, sobretudo em países mais pobres.
Além disso, eles pediram uma solução pastoral em relação aos jovens que não querem se casar na Igreja e apresentaram a necessidade de que seja desenvolvida uma pastoral que ajude as famílias em seus problemas concretos.
“Este Sínodo será vivido em continuidade com o do ano passado. O papa fez questão de repetir nesta manhã que os documentos oficiais da assembleia anterior foram os discursos de abertura e de encerramento feitos por ele e o relatório final do Sínodo”, afirmou.”, afirmou Lombardi.
O porta-voz e dois padres sinodais, Dom Claudio Maria Celli (presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais) e Dom Paul Andre-Durocher, expuseram aos jornalistas o que foi debatido durante as congregações gerais da tarde de segunda-feira e manhã desta terça.
Neste período, 72 membros do Sínodo fizeram colocações e concentraram o debate na primeira parte da Instrumentum laboris (instrumento de trabalho), documento no qual são apresentados os principais desafios da família contemporânea -- uma lista de tudo aquilo que será debatido durante a assembleia.
“O Papa tem conhecimento da instrumentum laboris pois participou de toda a preparação entre um Sínodo e outro”, enfatizou Lombardi.
Durante os debates, os participantes falaram sobre a revolução cultural e o desafio da Igreja diante dela. Além disso, foi pedido um maior cuidado em relação à linguagem utilizada, de modo que possam ser evitadas más interpretações relacionadas às situações delicadas que serão apresentadas durante toda a assembleia.
Casais de segunda união
Dom Claudio Maria Celli ao ser questionado sobre o discurso do relator-geral do Sínodo, Cardeal Peter Erdo, realizado nesta segunda-feira (5), no qual falou sobre não encontrar uma via para que os casais em segunda união voltem a comungar, enfatizou que, mesmo assim, a questão está para ser discutida.
“A questão dos divorciados será vista a partir de um ponto de vista pastoral. A visão permanece aberta pastoralmente. O que vale é a afirmação do Papa sobre o que é a doutrina católica”, disse.
Outras colocações abordaram o incentivo para que as famílias cresçam na fé, a imigração, a violência contra a mulher e o papel do sacerdote na formação daqueles que se preparam para o matrimônio e em relação aos casais em crise que precisam de acompanhamento.
Nesta terça-feira à tarde terão início os chamados círculos menores, formados pelos padres sinodais divididos por grupos linguísticos. Esses grupos assumem um papel de extrema importância, já que apresentam sugestões para a elaboração do relatório final da assembleia.
Questionado sobre a possibilidade de o papa participar de alguns desses círculos, o que geralmente não acontece, o porta-voz da Santa Sé disse: “Francisco é cheio de surpresas e se quiser vir, será bem-vindo”.
A assembleia segue até dia 25 de outubro.
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