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María Corina Machadoliderou marchas para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro | JS/ys/JORGE SILVA
María Corina Machadoliderou marchas para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro| Foto: JS/ys/JORGE SILVA

Nos últimos anos, ela se tornou alvo dos ataques mais duros do chavismo contra uma dirigente da oposição. María Corina Machado liderou marchas para exigir a saída do presidente Nicolás Maduro e participou de palestras e debates em vários países, entre eles o Brasil, onde denunciou o que considera uma ditadura. Ao contrário de outros dirigentes opositores como Leopoldo López, não foi presa, mas teve seu mandato de deputada cassado e está impedida de sair do país. Hoje, seu objetivo é que a Mesa de Unidade Democrática (MUD) conquiste uma maioria na Assembleia Legislativa. Sua candidatura foi derrubada pela Controladoria Geral da República, mas María Corina já escolheu um candidato substituto e após inscrevê-lo, esta semana, concentrará esforços em redobrar as pressões para que seja autorizada uma observação internacional “capacitada” para as legislativas de dezembro.

A senhora foi impedida de disputar uma vaga no Parlamento. Qual será a estratégia a partir de agora?

Vou defender meu direito de ser candidata e, principalmente, o direito dos cidadãos de eleger quem quiserem. Não podemos permitir que o governo decida quem são os candidatos da oposição.

Qual foi o argumento da Controladoria Geral?

Um absurdo, sem pé nem cabeça. Quando fiz minha declaração de bens informei qual era meu salário integral, com tudo incluído. Depois, me enviaram um questionário e me perguntaram sobre um bônus de alimentação, ao qual respondi que não se aplicava, porque já tinha declarado antes meu salário completo. Por isso, dizem que não declarei o bônus, mas isso é absurdo, porque estava como parte da declaração integral de meu salário. Procuraram um detalhe ridículo para me impugnar. Se inventaram isso, é porque procuraram e não encontraram nada. Até que exista uma sentença firme contra mim, não podem tirar meus direitos. Isso é uma fraude, querem me calar de qualquer jeito. Não me deixam sair do país, investigam todas as minhas contas, grampeiam meus telefones, vivemos ameaçados.

Amanhã a senhora vai inscrever um candidato substituto?

Sim, isso está decidido. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) está violando a Constituição, estas são eleições em ditadura. O CNE está comandando a eleição mais escura e fraudulenta de nossa História. Mas meu candidato substituto será minha voz na Assembleia Nacional (AN).

Maduro disse que a Venezuela não será monitorada por ninguém...

Não é a Venezuela que precisa ser monitorada, é Maduro! Em abril de 2013, o governo Maduro disse, em Lima, que se comprometia a fazer uma auditoria da eleição presidencial, coisa que nunca fez. Todos sabemos o que está acontecendo agora, com as impugnações de dirigentes, de estudantes. O problema não é a Venezuela, o problema é Maduro e seu CNE corrupto. Estamos vivendo uma crise humanitária, nos últimos dias houve saques, a situação é gravíssima. O governo está acelerando a repressão, perseguindo jornalistas, dirigentes sindicais e, em meio a tudo isso, o CNE está se preparando para impedir que a cidadania se expresse livremente. Respeitar a soberania popular no dia 6 de dezembro será decisivo para que a transição seja em paz. Deve ficar claro que não vamos aceitar que roubem mais uma vez nossos direitos.

A senhora insistirá na importância da observação internacional?

A decisão do governo de bloquear a observação internacional é perigosa. Espero que outros governos, ex-presidentes, a Organização de Estados Americanos (OEA) e outros sejam firmes e assumam uma responsabilidade coletiva.

Maduro tinha aceitado a observação da União de Nações Sul-americanas (Unasul)...

A Unasul não tem capacidade para fazer uma observação eleitoral qualificada. Já a OEA e a União Europeia (UE) têm equipe e disposição. Ambos disseram que estão prontos, mas estão esperando a reposta do regime de Maduro. Os países do Mercosul e Unasul têm a responsabilidade de dizer a Maduro que não tolerarão um processo eleitoral que seja fraudulento.

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