• Carregando...

Enfraquecidos, com fome e sede, imigrantes que conseguiram sair da selva e escapar das mãos de traficantes na Malásia mal conseguiam falar quando topavam com moradores no centro de Wang Kelian. A cidade, na fronteira com a Tailândia, ganhou os holofotes após a descoberta no domingo de cerca de 140 fossas coletivas em vários campos de traficantes de pessoas na região.

Equipadas com enxadas e pás, equipes forenses da polícia malaia começaram nesta terça-feira a exumar os corpos, revelando as condições desumanas nos acampamentos.

As densas florestas do Sul da Tailândia e do Norte da Malásia têm sido um importante ponto de parada de traficantes que levam pessoas para o Sudeste Asiático por barco, a partir de Mianmar, a maioria muçulmanos da etnia rohingya que dizem estar fugindo de perseguição e cidadãos de Bangladesh.

Os moradores de Wang Kelian perceberam que algo estava errado quando várias pessoas começaram a chegar na cidade, fracos, feridos e implorando por comida e água.

“Eles entravam em minha loja, com lesões que cobriam suas mãos e seus pés. Alguns estavam fracos demais até para falar corretamente”, descrevey Lyza Ibrahim, que gerencia uma barraca de comida na cidade. “Um deles me perguntou: Aqui é a Malásia?”

Outra mulher disse ter visto um imigrante de Bangladesh vagando na área e batendo na porta do seu vizinho.

“É muito triste. Temos ouvido essas histórias, mas não podemos fazer muito”, disse a mulher, que falou sob condição de anonimato. “Nós só podemos oferecer alimentos, roupas limpas, mas temos que chamar a polícia e eles serão levados pela polícia depois disso.”

Segundo a polícia, algumas das fossas podem conter vários corpos, e nos acampamentos foram encontradas gaiolas, arames farpados e postos de vigia.

Ainda neste mês, a polícia tailandesa apertou o cerco contra a imigração ilegal após desenterrar dezenas de corpos de fossas rasas em seu lado da fronteira. O episódio joga uma nova luz sobre a rede oculta de campos de contrabandistas, que há anos mantêm imigrantes retidos na selva enquanto pedem resgate a seus familiares.

Milhares de imigrantes que iam à Tailândia começaram, então, a desembarcar em outros lugares no Sudeste da Ásia. Como os contrabandistas fugiram seus esconderijos na selva, imigrantes foram vistos em Wang Kelian.

Centenas de pessoas

Nesta terça-feira, autoridades levaram um grupo de jornalistas a um dos acampamentos, situado em um barranco na mata fechada depois de uma subida íngreme, ao qual se chega por uma trilha bastante usada, após uma hora de caminhada da estrada mais próxima.

O que restou do acampamento, aparentemente abandonado às pressas, é pouco mais que um emaranhado de bambu e lona, ​​mas um oficial da polícia, que não quis ser identificado, disse que o local poderia ter abrigado até 400 pessoas.

O primeiro corpo foi removido nesta terça-feira à tarde (horário local), disse uma testemunha. Muhammad Bahar, da polícia do Estado de Perils, afirmou que não poderia confirmar o estado do corpo ou quanto tempo havia permanecido ali, mas acrescentou que a sepultura poderia conter mais corpos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]