• Carregando...
Fritzl ao chegar ao tribunal escondeu o rosto com um fichário: imóvel e silencioso no tribunal | Helmut Fohringer / Reuters
Fritzl ao chegar ao tribunal escondeu o rosto com um fichário: imóvel e silencioso no tribunal| Foto: Helmut Fohringer / Reuters

O austríaco Josef Fritzl, conhecido como o "monstro de Amstetten" relatou nesta segunda-feira (16) em tribunal da Áustria sua "duríssima infância", período em que, segundo ele, foi agredido várias vezes por sua mãe, "de quem nunca recebeu carinho".

"Minha mãe não me queria. Ela já tinha 42 anos. Não queria qualquer filho. E me maltratava", explicou Fritzl, com voz embargada, à juíza Andrea Humer. O austríaco declarou-se nesta segunda-feira inocente da acusação de assassinato de um dos sete filhos nascidos da relação incestuosa com sua filha Elisabeth, que foi violentada por ele e mantida encarcerada durante 24 anos numa prisão construída no porão de sua casa, na pequena cidade de Amstetten. O acusado, que chocou o mundo no ano passado ao confessar que manteve a filha em cativeiro, também rejeitou a acusação de prática de escravidão e reconheceu "parcialmente" sua culpa sobre a acusação de estupro. Acompanhando por dezenas de jornalistas, o julgamento de Fritzl começou nesta segunda no Tribunal Regional de St. Pölten.

Fritzl contou que, a partir dos 12 anos, passou a se defender das agressões da mãe e, então, "tornou-se um demônio para ela". Fritzl confessou ter isolado a mãe no sótão da casa onde viviam e ter impedido que a mulher visse a luz do dia até a sua morte.

Aos 73 anos, Fritzl é acusado de estupro, coação, cárcere privado, incesto, escravidão e homicídio culposo por não ter prestado assistência a um dos filhos, que nasceu com problemas respiratórios e, depois de morrer, teve o corpo cremado pelo pai na central de aquecimento da casa. Se for considerado culpado em todos os casos, ele deverá pegar prisão perpétua, que seria cumprida na clínica psiquiátrica da penitenciária.

A expectativa é que a defesa tente provar sua inocência na acusação de homicídio e atenuar a pena para 15 anos. Fritzl só reconheceu integralmente as acusações de coação, cárcere privado e incesto. Ele se disse "parcialmente" culpado de estupro porque está contestando os termos da acusação.

Ao chegar ao tribunal, o austríaco escondeu o rosto com um fichário. Ele permaneceu em silêncio e imóvel, ignorando perguntas de equipes de TV antes que o juiz e o júri entrassem e as câmeras fossem retiradas do tribunal.

Fritzl será julgado por três juízes e oito jurados. Embora a sentença seja decidida pelos jurados - cujos nomes foram mantidos em sigilo até agora -, caso estes optem por uma absolvição, uma possibilidade mais do que remota, a juíza-chefe poderá anular a sentença, que deverá ser anunciada até sexta-feira.

Filha gravou depoimento em DVD para não ir ao tribunal

Mesmo se absolvido da acusação de homicídio, Fritzl deve passar o resto da vida na cadeia graças ao relatório da psiquiatra Adelheid Kastner, que tem na bagagem profissional a análise dos casos de mais de 500 estupradores e assassinos. Segundo ela, o acusado tem compulsão por dominar mulheres, possuir pessoas e tem convicção de que, nas próprias palavras de Fritzl, ele "nasceu para ser um estuprador".

A filha de Fritzl, que hoje tem 42 anos, vê o julgamento de forma ambígua. Nem ela, nem os seis filhos que sobreviveram precisarão comparecer ao Tribunal Estadual de St. Pölten. Segundo a advogada Eva Plaz, os filhos não precisarão depor e o depoimento da mãe, de mais de 11 horas, foi gravado em DVD para evitar que ela tenha que ver o pai e sofrer ao ser obrigada a se lembrar do passado. Elisabeth e os filhos vivem agora em um local secreto, sob nova identidade.

Mais de uma centena de jornalistas acompanham o processo no tribunal, mas a juíza Andrea Humer poderá exigir a saída do público sempre que forem abordados detalhes da personalidade do réu ou aspectos pessoais das vítimas, bem como durante a exibição do depoimento de Elisabeth.

* * * * * *

Interatividade:

Qual a pena que os três juízes e oito jurados do tribunal austríaco devem aplicar a Fritzl?

Deixe o seu comentário abaixo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]