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Policiais prendem manifestante em Ferguson: já são 11 dias de protestos e de violência | Joshua Lott/Reuters
Policiais prendem manifestante em Ferguson: já são 11 dias de protestos e de violência| Foto: Joshua Lott/Reuters

Carta

A mãe do adolescente Trayvon Martin, Sabrina Fulton, escreveu uma carta à família de Michael Brown, o jovem negro morto por um policial branco em Ferguson, no Missouri. Na carta, Fulton gostaria de poder dizer que "tudo ficará bem", mas a verdade é que pode apenas "rezar" já que a vida da família estará "alterada para sempre". A carta, publicada na última segunda-feira, fala da experiência de Fulton, que teve o filho, Trayvon Martin, de 17 anos, morto a tiros por George Zimmerman, de 28 anos, voluntário do programa de vigia dos bairros, em 2012, na Flórida. Zimmerman foi inocentado.

Morte

As tensões raciais no estado americano do Missouri aumentaram nos últimos dois dias quando a polícia matou outro homem afro-americano durante protestos contra a morte do adolescente Michael Brown, no último dia 9, em Ferguson. Outras 47 pessoas foram detidas na cidade na noite de terça para quarta-feira. A polícia também apreendeu três armas dos manifestantes durante os protestos, os primeiros que foram mais pacíficos em comparação às noites anteriores, com vários distúrbios. O capitão Ron Johnson, da patrulha rodoviária, afirmou que os manifestantes jogaram garrafas de água e urina contra a polícia no fim dos protestos, o que levou à intervenção policial.

  • Holder chega a St. Louis

O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, chegou a Ferguson, no Mis­­souri, onde um adolescente negro desarmado foi morto a tiros por um policial branco, pedindo "uma investigação independente profunda".

Manifestantes duvidam do "independente" — cerca de 50 deles protestaram ontem diante do equivalente à Procuradoria-Geral de Justiça de St. Louis, para pedir que o procurador-geral, Robert McCulloch, se declare impedido no caso.

McCulloch, que é branco, tem irmão, tio e primo policiais. A mãe trabalhou na polícia e o pai, também policial, foi assassinado em 1964 por um jovem negro.

Os manifestantes dizem que McCulloch não teria "imparcialidade" para acusar o policial branco Darren Wilson, de 28 anos, que deu seis tiros em Michael Brown, de 18 anos, depois de uma discussão em uma rua de Ferguson no dia 9.

McCulloch começou a apresentar ontem as evidências do crime ao Grande Júri do Condado de St. Louis. Nem juízes nem advogados podem participar das reuniões do Grande Júri. O acusado pode testemunhar. Segundo o promotor, a apresentação das evidências deve acontecer até "meados de outubro".

Os 12 jurados têm o direito de decidir se há razões para abertura de inquérito ou não. Pela tradição local, esses júris costumam seguir a sugestão do promotor. São necessários nove votos para abrir o inquérito.

Três dos integrantes do grupo, sorteados entre cidadãos comuns pelo registro eleitoral e das carteiras de motorista, são negros.

"A atenção do país, do mundo, está neste caso. Mas ainda tememos que a Justiça não seja feita", disse o ativista Darryl Young. "Wilson deveria já estar preso, não em licença remunerada".

Secretário de Justiça e também procurador-geral da Justiça americana, Holder, que é negro, encontrou-se ontem com os pais de Michael Brown. Ele disse que os agentes e procuradores "mais experientes" do governo federal deverão trabalhar na investigação da morte de Brown.

A ida de Holder a Ferguson também foi criticada. "Como podemos esperar um julgamento independente quando o governo federal já está politizando o incidente?", perguntou Megyn Kelly, apresentadora da rede de notícias Fox News.

Em um dos programas mais vistos da rede de notícias conservadora, ligada à oposição republicana, Kelly também sugeriu que o governador de Missouri, Jay Nixon, "por sonhar em ser vice de Hillary Clinton nas eleições presidenciais de 2016", estaria politizando o caso. Nixon levou seis dias para se pronunciar.

Interatividade

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