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Nenhum dos líderes que subiu ontem ao púlpito do Bella Center, o centro que abrigou a malfadada conferência do clima da ONU, foi tão aplaudido como Luiz Inácio Lula da Silva.

Por cerca de dez minutos, 119 chefes de Estado e de governo, reunidos para tentar salvar um acordo no último minuto, ouviram um Lula tão frustrado quanto eloquente. Falando de improviso, chamou a atenção dos países desenvolvidos por falhar no que poderia ser o acordo do século e lamentou as consequências do fracasso para os países mais vulneráveis.

Quatro longas salvas de palma pontuaram o momento, que em nada lembrou a morna fala da véspera, quando o brasileiro elencara boas intenções sem surpreender nem cativar.

E, diferentemente da quinta-feira, Lula pôs um trunfo na mesa para tentar destravar o impasse fermentado nos últimos 12 dias: uma oferta de contribuição em dinheiro para um fundo global do clima.

"Se for necessário fazer um sacrifício a mais, o Brasil está disposto a colocar dinheiro também para ajudar os outros países’’, disse, sem detalhar. "Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui.’’

A fala – que exortou os colegas a não assinarem "qualquer documento’’ só para dizer que assinaram um documento – catalisou o espírito de frustração generalizada no evento.

Minutos depois Barack Obama assumiria o púlpito em um discurso cheio de senões, no qual tentou atribuir aos chineses a responsabilidade pelo fracasso que a maioria das delegações, as europeias inclusive, colocavam em suas mãos.

O desempenho de Lula contrastou não só com o do presidente americano, mas com o de sua própria chefe de delegação, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que, diferentemente de seus colegas de outros países, sumiu de cena quando o presidente chegou.

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