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Como grupo, desempenho dos atletas é melhor à noite. Porém, quando são testados padrões de sono, diferenças aparecem | Bryan Denton/The New York Times
Como grupo, desempenho dos atletas é melhor à noite. Porém, quando são testados padrões de sono, diferenças aparecem| Foto: Bryan Denton/The New York Times

Atletas sempre buscaram até mesmo as menores vantagens para competir – pense em atitude de treinamento e drogas para melhorar o desempenho.

Agora, pesquisadores britânicos mostram que o que realmente importa para o tipo de desempenho extremo é se o horário de um evento está em sincronia com o relógio biológico do atleta.

O exemplo mais extremo envolve pessoas que naturalmente vão para a cama tarde e acordam tarde. Mesmo que tentem com afinco, eles são cerca de 26 por cento mais lentos quando acordam pela manhã e à noite.

Os resultados, publicados no mês passado no periódico Current Biology, divergem dos de estudos anteriores que mostraram que o desempenho tem seu pico à noite. O líder da pesquisa, Roland Brandstaetter, da Universidade de Birmingham, disse que o estudo anterior avaliou atletas em grupo. Quando ele reuniu seus atletas, também notou que seu desempenho era melhor à noite. Porém, quando dividiu o grupo de acordo com seus ciclos circadianos, as diferenças apareceram.

Os pesquisadores testaram 20 jogadores de hóquei sobre grama e 22 jogadores de squash seis vezes por dia. Os que acordavam cedo, normalmente o faziam por volta das 7 da manhã nos dias de semana. Os medianos levantavam por volta das 8 e os que acordavam tarde, às 9:30. Os pesquisadores avaliaram o desempenho de todos com medidas que envolviam testes de sprint e testes de concentração e estado de alerta.

Aqueles que acordavam cedo atingiam seu pico de desempenho por volta do meio-dia. O grupo intermediário foi melhor durante a tarde e os que acordam tarde chegaram ao pico no começo da noite. O pior horário para todos foi às 7 da manhã.

Cientistas não envolvidos na pesquisa disseram que essas descobertas possuem uma lógica intuitiva.

Kenneth P. Wright Jr., diretor do laboratório de sono e cronobiologia da Universidade de Boulder, no Colorado, disse que as descobertas são consistentes com o que se sabe sobre relógio biológico. Há muito que os pesquisadores sabem que os ciclos circadianos naturais de um indivíduo controlam sua temperatura corpórea, ritmo cardíaco, tempo de reação e concentração, portanto, é de se esperar que o relógio biológico de um indivíduo afete seu desempenho físico.

A boa notícia para os atletas é que seu relógio circadiano pode ser ajustado. Brandstaetter diz que deliberadamente altera o seu dependendo do que pretende fazer, ajustando fatores como luz, atividade e horários de refeições. Ele agora trabalha com atletas fazendo o que chama de “treinamento circadiano”. A ideia é alterar o relógio biológico natural daqueles que naturalmente acordam tarde quando sua competição ocorre pela manhã.

“Não há dúvida que os ciclos circadianos afetam o desempenho esportivo”, disse Hirofumi Tanaka, pesquisador da Universidade de Austin, no Texas. E acrescentou que esse é um dos motivos pelos quais os atletas se preocupam com o jet lag.

E aos treinadores e proprietários de times, Carlyle Smith, especialista em ritmos circadianos e professor emérito da Universidade Trent no Canadá, aconselha: “Convém saber o fenótipo de todos os membros do seu time. É possível dizer quem estará jogando bem em diferentes horas do dia.”

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