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Problemas políticos e econômicos afetam a Ucrânia um ano depois da eleição do novo governo. Protesto em Kiev em 2014. | Sergey Ponomarev /The New York Times
Problemas políticos e econômicos afetam a Ucrânia um ano depois da eleição do novo governo. Protesto em Kiev em 2014.| Foto: Sergey Ponomarev /The New York Times

O país está à beira da falência. Uma série de assassinatos por motivos políticos e misteriosos suicídios de autoridades semeou o medo na capital nacional.

As lutas internas começaram a rachar a coalizão de maioria pró-europeia no Parlamento. E a ameaça constante de guerra paira na fronteira com a Rússia.

Um ano depois de eleger Petro Poroshenko como presidente para substituir Viktor Yanukovich, deposto em fevereiro, e depois de empossar uma nova legislatura, a Ucrânia continua profundamente mergulhada no caos político e econômico.

“Poroshenko, quer você goste dele quer não, não está entregando o que prometeu”, disse Bruce Jackson, presidente do Projeto para Democracias Transicionais, um grupo americano sem fins lucrativos. “O governo ucraniano é tão fraco que não consegue fazer as coisas necessárias para construir um Estado unido e independente.”

As iniciativas para se forjar um acordo político entre o governo de Kiev e os separatistas apoiados pela Rússia, que controlam grande parte das regiões orientais de Donetsk e Lugansk, chegaram a um impasse, apesar do cessar-fogo assinado em fevereiro pedindo a descentralização do poder e maior autonomia local como base para um acordo de paz de longo prazo. A economia destroçada continua afundando, e o Produto Interno Bruto despencou 17,6% no primeiro trimestre de 2015. Esperando evitar a moratória, as autoridades graduadas estão em negociações com os credores, mas até agora não conseguiram garantir um acordo.

As autoridades também temem abertamente que os mais de US$ 40 bilhões (R$ 120 bilhões) prometidos pelo Fundo Monetário Internacional e aliados, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, não sejam suficientes para sustentar o país.

Talvez a maior decepção para os manifestantes que tomaram o centro de Kiev no ano passado seja que o novo governo liderado por Poroshenko e o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk até agora não cumpriu as promessas de extirpar a corrupção endêmica. Em vez disso, é acusado de desvios e de conivência política.

O Parlamento, em que os partidos pró-Europa controlam a grande maioria, votou no mês passado a criação de uma comissão para investigar acusações de que Yatsenyuk e seu gabinete desviaram US$ 325 milhões (R$ 975 milhões) do Estado.

O governo e seus apoiadores negam qualquer desvio. Eles apontam que o Parlamento adotou iniciativas de reforma, sobretudo a da notoriamente corrupta indústria de gás, e instalou nova liderança no banco nacional.

Boris Lozhkin, chefe de Gabinete de Poroshenko, disse que o presidente tem cinco prioridades: “dessombrear, desmonopolizar, desoligarquizar, desregulamentar e descentralizar”, onde “dessombrear” se refere a trazer transparência à economia e ao governo. “A oligarquia como base da vida política e econômica deve terminar”, disse Lozhkin.

Mas o confronto apenas aumentou a sensação de medo na Ucrânia, especialmente entre empresários e autoridades ligadas ao governo Yanukovich.

Pelo menos seis dessas autoridades morreram em aparentes suicídios neste ano, e um sétimo, Oleg Kalashnikov, ex-parlamentar do Partido das Regiões, de Yanukovich, foi morto a tiros diante de sua casa em abril.

Enquanto o governo diz que uma nova invasão de forças pró-russas pode ocorrer a qualquer momento, alguns analistas afirmam que há poucos motivos para novas hostilidades enquanto o lado ucraniano estiver lutando consigo mesmo.

“A Rússia estava só esperando que os problemas internos da Ucrânia a tornem menos atraente para o Ocidente”, disse Alexander Baunov, do Instituto Carnegie Moscou, um grupo de pesquisas.

“A esperança de Putin é que a Rússia não precise enfraquecer a Ucrânia”, disse Baunov, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin. “A Ucrânia enfraquecerá por si só, e ele só precisa esperar um pouco e aproveitar sua fraqueza em algum momento no futuro.”

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