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Como os Estados Unidos começaram o que pode ser uma longa campanha militar contra o Estado Islâmico, a inteligência e os agentes da lei disseram que outro grupo sírio, liderado por uma figura sombria que já fez parte do círculo íntimo de Osama bin Laden, representava uma ameaça mais direta para a América e a Europa.

Além de ataques aéreos feitos em 23 de setembro contra o Estado Islâmico, o Comando Central dos Estados Unidos, ou Centcom, disse que as forças americanas também investiram contra um grupo na Síria chamado Khorasan para evitar um "ataque iminente planejando contra os interesses americanos e ocidentais".

Os oficiais disseram que o grupo é liderado por Muhsin al-Fadhli, agente da Al-Qaeda próximo a Bin Laden, e um dos que sabiam de antemão sobre os ataques do 11 de setembro.

Pouca coisa foi divulgada sobre o grupo Khorasan, descrito por agentes da inteligência, policiais e militares como sendo formado por oficiais da Al-Qaeda em todo o Oriente Médio, o Sul da Ásia e o Norte da África. Acredita-se que vários de seus membros planejam ataques com utilização de explosivos. O diretor da inteligência nacional, James R. Clapper Jr., disse recentemente que "em termos de ameaça ao país, o Khorasan pode ser tão perigoso quanto o Estado Islâmico".

Alguns oficiais americanos e especialistas em segurança nacional disseram que o foco intenso no Estado Islâmico havia distorcido a imagem da ameaça terrorista que emergiu do caos da guerra civil da Síria, e que as ameaças mais imediatas ainda vêm de grupos terroristas tradicionais como o Khorasan e a Frente Nusra, aliada da Al-Qaeda na Síria.

Fadhli, de 33 anos, é investigado pela inteligência americana há pelo menos 10 anos. De acordo com o Departamento de Estado, antes de chegar à Síria, Fadhli morou no Irã e fazia parte de um pequeno grupo de integrantes da Al-Qaeda que fugiu do Afeganistão para lá após o 11 de setembro.

Em 2012, o Departamento de Estado identificou Fadhli como líder da Al-Qaeda no Irã, dirigindo as "movimentações financeiras e as operações" pelo país. Uma recompensa de US$ 7 milhões foi oferecida em troca de informações que levassem à sua captura. O Departamento de Estado disse também que ele trabalhava juntamente com ricos "doadores jihadistas" no Kuweit, seu país de origem, levantando dinheiro para os rebeldes aliados da Al-Qaeda na Síria.

Em discurso de 2005 em Bruxelas, o Presidente George W. Bush disse que Fadhli havia ajudado terroristas a bombardear um petroleiro francês em 2002, na costa do Iêmen.

Acredita-se que o Estado Islâmico, também conhecido por EIIL, concentra-se mais na consolidação de territórios conquistados na Síria e no Iraque do que em ataques aos países ocidentais.

Declarações recentes do EIIL, inclusive vídeos que usaram um prisioneiro britânico como porta-voz, procuram evitar as ações dos EUA contra o grupo, ameaçando vingança contra ataques americanos.

Ao mesmo tempo, o crescimento do Estado Islâmico abafou a escalada de grupos rivais na Síria, inclusive da Frente Nusra, que já foi considerada um dos mais fortes grupos rebeldes sírios. As conquistas do Estado Islâmico no norte do Iraque e em regiões ricas em petróleo no leste da Síria minou recursos da Frente Nusra e absorveu muitos combatentes — atraídos pelas bem sucedidas batalhas do EIIL e pela promessa de formação de um califado.

É difícil avaliar o alcance das atividades terroristas que o Khorasan, a Frente Nusra ou outros grupos na Síria podem estar planejando. Por muitas vezes no último ano, Nusra e EIIL usaram americanos que se juntaram a eles para executar ataques na Síria — incluindo pelo menos um ataque suicida.

Oficiais da inteligência americana estimam que desde que o conflito sírio começou, há mais de 4 anos, cerca de 15.000 estrangeiros, inclusive mais de 100 americanos e 2.000 europeus, foram para a Síria para lutar junto aos grupos rebeldes. É fácil cruzar as fronteiras da Síria, e o fato de que passaportes sem marcas permitem a volta não detectada à Europa ou aos Estados Unidos preocupa oficiais ocidentais.

A Casa Branca e a CIA preferiram não comentar.

Jennifer Cafarella, que analisa a Síria para o Instituto para o Estudo da Guerra em Washington, disse que os ataques americanos que enfraquecem o EIIL poderiam ajudar a Frente Nusra, caso os Estados Unidos não se certifiquem que há outra força pronta para tomar o poder.

"Há de fato uma ameaça de que, se não forem considerados como componentes de uma estratégia bem orquestrada na Síria, os ataques americanos irão permitir que a Frente Nusra ocupe a posição em aberto no leste da Síria", ela disse.

Eric Schmitt contribuiu com reportagem de Washington

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