• Carregando...
Da esquerda para a direita: Julianna Margulies, Sienna Miller e Emma Stone na cerimônia do Globo de Ouro | À esq. e dir., Jordan Strauss/Invision/AP; no centro, Mark Ralston /AFP/Getty Images/
Da esquerda para a direita: Julianna Margulies, Sienna Miller e Emma Stone na cerimônia do Globo de Ouro| Foto: À esq. e dir., Jordan Strauss/Invision/AP; no centro, Mark Ralston /AFP/Getty Images/

Emma Stone inverteu a tradição ao subir no palco do Globo de Ouro, em janeiro, não de vestido longo, mas com um conjunto Lanvin de top prateado e laço na cintura.

“O tapete vermelho evoluiu como uma plataforma para mostrar às pessoas que elas nem sempre têm de seguir as regras”, disse a estilista Micaela Erlanger.

Mas não é bem assim.

O século 21 está avançando, mas uma série de regras não declaradas da moda continua governando seus acontecimentos de gala, que exigem nada mais ousado que variações reluzentes de um vestido de formatura convencional.

“De certo modo, o vestido de alta-costura dos eventos de gala é quase um vestido de casamento”, disse Rebecca Arnold, historiadora da moda no Instituto de Arte Courtauld, em Londres. “Está ficando fossilizado, não é mais relevante para a vida diária das pessoas.”

Mas há indícios de que as noções rígidas de glamour começaram a ser abaladas.

Nos Globos de Ouro, Erlanger provavelmente teria aplaudido Julianna Margulies, clássica em um vestido de Ulyana Sergeenko, ou Sienna Miller, fresca e nada vulgar em um vestido com flores bordadas de Miu Miu, com um decote que ia até o umbigo, sem violar os códigos de decência.

Elas foram exceções. Suas colegas, em geral, seguiram as regras. “Quando as pessoas veem as atrizes no tapete vermelho, querem que elas pareçam princesas”, disse Arnold.

De fato, as estrelas veem suas aparições no tapete vermelho como momentos históricos que exigem vestidos chamativos, mas “seguros”, dignos de retratos oficiais. Daí o desfile de decotes comportados, corpetes abertos até o esterno ou loucas efusões espumantes à Cinderella.

Ao adotar arquétipos tão veneráveis (uma cauda que se arrasta pela passarela), até as mais jovens atrizes e apresentadoras envelhecem, parecendo às vezes tão matronais quanto divas da Era de Ouro.

A dependência de jovens estrelas a conceitos tão batidos talvez explique por que Reese Witherspoon considerou adequado usar um modelo Calvin Klein prata sem alças, bordado com contas e uma cauda curta; ou por que Allison Williams escolheu um vestido Armani Privé com laboriosos babados, seu cabelo alisado e ondulado como uma estrelinha dos anos 1940.

Os estilistas que pretendem deixar uma marca duradoura no tapete vermelho aplaudem os desvios da forma. Antonio Marras se declarou um “fã de estrelas que não se importam com as convenções”. “Eu aprecio uma atriz que tem coragem e ousadia para mostrar algo fora do tom, não perfeito demais”, disse Marras. “Mais de acordo com os tempos de hoje.”

A audácia que ele descreveu tem antecedentes históricos, sendo o mais famoso, ou notório, o casaco de noite Armani que Sharon Stone usou no Oscar de 1996 sobre uma camiseta de gola rolê Gap. A irreverência de Stone ainda hoje ecoa em um séquito de estilistas influentes e suas clientes. “No tapete vermelho, peças separadas são bacanas”, disse a estilista Penny Lovell. “Roupa esportiva é algo muito moderno.”

O público de televisão talvez nem sempre aprove, mas Lovell raramente encontra resistência. Clientes como Taylor Schilling, de “Orange Is the New Black”, são, segundo ela, abertas a um visual contemporâneo, algo no gênero do vestido Thakoon que Schilling usou no Globo de Ouro de 2014.

Seriedade ainda pode ser a aposta sugerida por várias aspirantes do tapete vermelho: um top formal com calças.

“Emma Stone e a compositora Lorde, que usaram calças, não foram as mais bem-vestidas incontestáveis no Globo de Ouro deste ano?”, indagou Ryan Lobo, estilista da marca chique e minimalista Tome.

Roland Mouret levou o conceito a seu extremo inevitável.

“Para mim, os conjuntos são as declarações mais fortes no tapete vermelho”, disse ele. “Eles dão a elegância de um vestido longo com a atitude sexy das calças.”

E um ar de frescor e ousadia, ele poderia ter acrescentado.

Afinal, notou Mouret, com uma piscadela, “toda mulher deseja secretamente ser uma das Panteras”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]